Pena que seja apenas uma vez por semana e para um número reduzido de pessoas — são apenas vinte clientes a cada noite.
Toda quinta, a chef Bel Coelho prepara um jantar especial no piso superior de seu restaurante, o Dui, que passa a se chamar Clandestino. Se falássemos de moda, esse seria um jantar de alta costura.
Diante dos clientes em uma cozinha envidraçada, a própria Bel finaliza e expede a série de doze pratos que compõem o atual menu dedicado aos orixás. É um trabalho formidável pelo rigor de pesquisa e pela explosão de sabores, um Brasil revisitado por quem está antenada com as modernas técnicas de cozinha, em especial as espanholas. Custa 195 reais por pessoa e as reservas são indispensáveis. O último jantar deste ano será amanhã. Depois, só em 3 de janeiro.
Algumas sugestões grudam na memória do paladar e lá permanecem seja pela ousadia da criação, seja pela harmonia de sabores, seja pela beleza da apresentação.
É o caso do robalo dedicado à Iemanjá. Depois do cozimento em baixa temperatura passa pela grelhado e recebe a companhia de areia de coco e pérolas de leite de coco e capim-santo. Para a entidade vaidosa em vez de pratos, a receita vem em um espelho. Outro exemplo, Nanã, a anciã entre os orixás, é reverenciada pelo bombom de sarapatel cuja intensidade é refreada pela adição de jabuticaba. De enfeito, brotos de agrião.
Foi por esse menu exclusivo que dei a Bel Coelho o meu voto de chef do ano na última edição especial “Comer & Beber”.
Resta aguardar pelo que a cozinheira fará na próxima temporada.
Esse é o primeiro texto dedicado a uma série de cinco refeições memoráveis que fiz neste ano.
Veja alguns dos pratos que integram o menu:
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