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Blog do Lorençato

Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também comanda o Cozinha do Lorençato, um programa de entrevistas e receitas. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Morre Nello De Rossi, dono da tradicional cantina Nello’s

Um inesquecível comercial de TV me apresentou Nello De Rossi antes mesmo de eu saber que ele era dono de uma concorrida cantina paulistana. Na época, 1984, era estudante de jornalismo na PUC-SP e sonhava em me tornar roteirista de cinema — a gastronomia estava muito longe de entrar em minha vida. Achava o máximo […]

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Atualizado em 27 fev 2017, 01h04 - Publicado em 26 jun 2013, 20h00
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    Nello: aponta para o personagem que viveu no filme Piccoli Naufraghi (Foto:  divulgação)

    Um inesquecível comercial de TV me apresentou Nello De Rossi antes mesmo de eu saber que ele era dono de uma concorrida cantina paulistana. Na época, 1984, era estudante de jornalismo na PUC-SP e sonhava em me tornar roteirista de cinema — a gastronomia estava muito longe de entrar em minha vida. Achava o máximo aquela propaganda ambientada em uma sala de reuniões na qual um grupo de marmanjos veste-se igualzinho ao chefe. Justamente o único jovem que usa uma camisa diferente recebe do manda-chuva o elogio: “Bonita camisa, Fernandinho!”.  O bordão se mantém vivo até hoje. É um case de markentig no qual as diferenças e os diferentes são muito bem-vindos.

    + A morte de Nello de Rossi, fundador da cantina Nello’s

    O romano Nello De Rossi faleceu nesta madrugada em consequência de um choque séptico, causado por uma infecção, aos 91 anos. Nello, fundador da Nello’s, nunca foi chef — essa missão sempre coube à sua mulher, dona Rina. Ator e diretor de cinema bissexto, ele desempenhava bem o papel de restaurateur, o dono de restaurante. Lembro-me da primeira vez que o encontrei. Já tinha lá os seus 60 anos e era um cara um tantinho ranzinza, ocupado em recepcionar os clientes e acomodá-los nas mesas. Estava sempre ao lado do caixa.

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    Muito antes de qualquer proibição oficial, Nello tinha iniciado uma cruzada contra o cigarro. Como na época não era proibido fumar, mantinha o minúsculo ambiente da cantina dividido em dois, com uma das alas reservada apenas para quem não ficava sem acender um cigarro. Achava ótima essa atitude pioneira dele, porque nunca fumei, embora fosse mais agradável a ala reservada à turma da fumaça.

    Outra coisa que me chamava a atenção era o cardápio com pratos em porções individuais e a preços sempre muito razoáveis. Desde sempre, era um restaurante 1 cifrão e cabia bem no meu bolso de estudante — até hoje, gasta-se em média 50 reais por pessoa.  Pedia com frequência o nhoque à rina, uma massa de ricota e espinafre gratinada no molho de tomate. No fim, era vez do tartufo, o fungo mais caro do mundo ainda por mim desconhecido. Não, não o tartufo de verdade, mas um sorvete com creme de leite coberto por calda de chocolate.

    Há algum tempo, a administração da dupla de casas — a matriz de Pinheiros e a filial da Vila Leopoldina, aberta em 2011 — está nas mãos de três de seus herdeiros, Massimo, Patricia e Daniela, além do genro Augusto Mello. O quarto filho de Nello, Marco, mora nos Estados Unidos, onde trabalha como professor de cinema na Universidade de Nova York. A cozinha segue conduzida por dona Rina, de 79 anos. Em breve, serão endereços administrados por alguns de seus dez netos: Augusto, Gianluca, Gabriela, Liliana, Marcelo, Noa, Luca, Olivia, Arthur e Emilia.

    Além de dono de restaurante, Nello atuou no cinema, uma de suas maiores paixões. Na década de 1950, trabalhou com assistente dos cineastas Roberto Rossellini e Mario Bonnard e também como ator dos filmes Feroce Saladino, Piccoli Naufraghi e L’Albero di Adamo. Antes de mudar-se para São Paulo em 1973, passou quase duas décadas em Nova York. Chegou à cidade com a mulher  e os quatro filhos, para ajudar na direção do restaurante Trastevere, de seu irmão, Augusto, falecido naquela época. “O trabalho com a cunhada não deu certo, mas ele se apaixonou pela cidade para qual trouxe a mulher e dos filhos, todos nascidos nos Estados Unidos”. No país, dirigiu o longa Jeitosa, Um Assunto Muito Particular, de 1984, e produziu o desenho animado Cassiopéia (1996) e Festa (1989), do diretor Ugo Georgetti, pelo qual levou o Kikito de melhor filme no Festival de Gramado.

    Confira mais fotos do fundador da cantina Nello’s:

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