Reconhecida não só no Brasil como também no Japão pela nobreza que confere à cerâmica utilitária, Hideko Honma deu início no fim de 2017 ao Chawan Project. Desde o princípio, o objetivo da artesã era, por meio de um ciclo de palestras, apresentar a história e difundir ainda mais o uso de um dos utensílios mais essenciais e elementares na mesa japonesa, a tigela conhecida como chawan. Esse “prato”, no qual se serve o arroz branco, base da alimentação no Extremo Oriente, foi tema da série de encontros realizada de agosto a dezembro de 2018 na Japan House. Sete ceramistas nascidos no Japão e radicados no Brasil foram convidados para contar sua relação com objeto que se acredita ter sido criado para tomar água assim como apreciar o chá, mas teve suas funções ampliadas, inclusive para comer sopa.
Como passo seguinte, Hideko pretende perenizar essa série de atividades gratuitas na forma de um documentário. Para isso, tomou cuidado de registrar com duas câmeras de vídeo os encontros realizados ao longo de quatro meses com imagens captadas pela produtora Chá Cinematográfico e com fotos de Rafael Salvador. Agora, para viabilizar montagem e divulgação do filme, a ceramista calcula que sejam necessários 40.000 reais.
Para arrecadar o montante, a artesã montou um financiamento coletivo pelo Catarse, com data de encerramento em 16 de fevereiro. As doações pelo sistema de crowdfunding começam em 100 reais e têm recompensas como um chawan feito por Hideko, ou um workshop no ateliê dela. Até agora, depositados 25.300 reais (para colaborar, acesse a página). Acho difícil que não se bata a meta, mas caso o valor não seja atingido, todo o dinheiro arrecadado será devolvido e o filme, infelizmente, não será produzido.
No filme pronto, do qual pode se conferir um compacto no fim do post, estarão as apresentações dos convidados Akinori Nakatani, Kenjiro Ikoma, Kimi Nii, Shugo Izumi e Mitsue Yuba, além de uma mesa-redonda composta por o assessor Jo Takahashi, o antropólogo Victor Hugo Kebbe, a chef Telma Shiraishi, o ex-diplomata Fausto Godoy e a especialista em chás Carla Sauerressig, mais a participação especial de Shoko Suzuki, um dos maiores nomes dessa arte.
Embora possa parecer banal, o processo de de produção dos chawans de forma artesanal é desafiador no Japão. “Lá, os aprendizes de cerâmica fazem no mínimo 1.000 peças, até que o mestre ache o trabalho satisfatório”, revela Hideko, uma mestra sempre muito carinhosa.
Nas telas, será possível assistir depoimentos como o de Izumi. O convidado definiu de forma poética o objeto. “Acho que a origem do chawan são as mãos. Juntando as duas mãos, vira um recipiente, que dá para pegar água também”. Kimi Nii descreve, entre outros detalhes, o valor artístico que pode ter. “No Japão, são consideradas obras de arte tão importante quanto o trabalho de um pintor ou de um escultor.”
O Chawan Project não parará em sua primeira edição. Para iniciar as ações da versão 2019, Hideko recebe em seu ateliê um dos mestres mais importantes da cerâmica mundial, o japonês Ôhi Chozaemon XI. São dois dias de workshops, nesta sexta (25) e sábado (26). Os participantes foram selecionados por um comitê junto ao Consulado do Japão, responsável por trazer o mestre ao Brasil. Esse comitê também responde pela escolha do ateliê de Hideko para as aulas.
Quem quiser conhecer as obras de Ôhi Chozaemon XI, a dica é visitar a Japan House, onde algumas peças estão expostas entre esta quinta (24) e o domingo (27). No último dia, o artista fará uma palesta aberta ao público às 15h. Para participar, é necessário retirar senha com uma hora de antecedência.
Confira o compacto do Chawan Project – Documentário e acesse a página do financiamento coletivo:
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