Horta da Cidade doa orgânicos que vão para o prato de população vulnerável
As hortaliças cultivadas pelo programa Sampa+Rural são repassadas a entidades que fazem refeições

Onde havia apenas aridez, hoje brota um verde vistoso e comestível. Os 2 000 metros quadrados do antigo estacionamento anexo à Câmara Municipal passaram por radical transformação a partir do mês de dezembro. No lugar originalmente destinado a carros, começou a ganhar vida a Horta da Cidade, bem no centro da capital.
O terreno, cedido em abril de 2024 por emenda parlamentar do ex-vereador Xexéu Tripoli com uma dotação de 977 000 reais, é ocupado por 166 vasos móveis de concreto com tecnologia voltada para o plantio urbano e custaram cerca de 374 000 dos recursos investidos no projeto — assinado pela Metro Arquitetos, a mesma do novo Masp, que recebeu 80 000 reais pela encomenda.




Desde o lançamento, a proposta é destinar gratuitamente a produção a entidades que preparam refeições para pessoas em vulnerabilidade social. “No primeiro mês de funcionamento, doamos 600 quilos de alimentos a onze entidades na região central da cidade. Nossa meta é chegar a 1 tonelada mensal”, conta o geógrafo Arpad Spalding, gestor de projetos do Instituto Kairós, contratado pela Sampa+Rural, programa de agricultura da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SMDET). É o Kairós que fornece a equipe de agricultores destacada para cuidar do cultivo no dia a dia.
“A meta é replicar modelos como esse em outros lugares da cidade”, afirma Rodrigo Goulart, secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho. O propósito vai além da produção de alimentos. A intenção também é capacitar pessoas em agroecologia, conscientizar sobre segurança alimentar e incentivar o consumo de alimentos saudáveis.
Em floreiras rosas, estão plantadas aproximadamente 120 variedades de vegetais, como repolhos, berinjelas e ervas como manjericão, salsa e cebolinha. Há também doze árvores frutíferas, ervas medicinais e pancs, as plantas alimentícias não convencionais.
“A produção não visa apenas diminuir a fome. Ofertamos, por exemplo, uma erva para um chá ou ensinamos que o que parece um ‘mato’, na verdade, é um alimento bom, nutritivo e saudável”, explica Arpad. Entre os destinos dos produtos da Horta da Cidade, está a Restaura-me, entidade no fim de uma rua sem saída do Brás. É nesse lugar quase escondido que a equipe liderada pelo cozinheiro Cícero Evangelista prepara mais de 500 refeições diariamente para saciar a fome de homens e mulheres que vivem em situação de rua, garantindo, no almoço, aquela que pode ser a única refeição do dia.
Evangelista entende bem a condição dessas pessoas — ele no passado foi um dos acolhidos pela Restaura-me, na época em que lutava contra o alcoolismo. Com o apoio do projeto, venceu o vício, fez um curso de gastronomia e, há três anos, é o comandante da cozinha da casa. Hoje, consegue retribuir o sustento recebido no passado.
A Horta da Cidade é aberta ao público para visitação, mediante agendamento pelo site sampamaisrural.prefeitura.sp.gov.br/contato.
Publicado em VEJA São Paulo de 14 de fevereiro de 2025, edição nº 2931.
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