O novo complexo bilionário na Zona Leste, que terá serviços diversos
Empreendimento no Belenzinho promete hospital, torre gastronômica, hotel, teatro, cinema, centro de convenções e lajes corporativas
Quem percorre a Radial Leste no sentido Tatuapé já deve ter percebido tapumes pretos logo após a passagem pela estação Belém, da Linha 3-Vermelha do metrô. Por trás deles está um terreno de 17 000 metros quadrados, tamanho equivalente a dois campos oficiais de futebol, que receberá um megaprojeto de 160 000 metros quadrados de área construída reunindo edificações de uso misto.
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A obra é tocada por uma construtora da região com apoio de um grupo de investidores e prevê destinar 1,2 bilhão de reais para erguer o empreendimento, que inclui cinema, teatro, hospital, torre gastronômica, unidades residenciais, lajes corporativas, centro de convenções, hotel e salas comerciais. “É um desafio bastante grande”, afirma Igor Melro, 38 anos, diretor comercial da Porte Engenharia e Urbanismo, responsável pela obra.
Provisoriamente chamado de Radial III, pelo fato de ter sido necessária a junção de três grandes áreas para a sua implementação, ele promete entregar o maior teatro da cidade de São Paulo, com 1 560 assentos. Só para ter uma ideia, o Teatro Municipal conta com 1 532 lugares. “Como é que é a cultura para essa região da cidade? Esquecida”, justifica o executivo, apesar do seu futuro empreendimento ser vizinho do Sesc Belenzinho.
Parte do 1,2 bilhão de reais virá de parceiros confirmados e com contratos já acertados, como no caso do teatro, a ser tocado pelo Grupo Opus Entretenimento, que já administra o Vibra São Paulo e os teatros Frei Caneca e Bradesco. “É um orgulho participar desse novo projeto. Essas diversas funções podem trazer tribos diferentes e melhorar o fluxo das pessoas”, afirma Carlos Konrath, presidente da Opus Entretenimento. O mesmo será feito no cinema, centro de convenções e hospital. Outros espaços, tais como as lajes corporativas e residenciais, serão colocados à venda.
A estimativa dos empreendedores é que, quando estiver pronto, em 2027, o complexo receba de 10 000 a 12 000 pessoas por dia. O Radial III é o sexto projeto do chamado Eixo Platina, que leva esse nome por reunir seis prédios de uso misto que estão concentrados a poucos metros da Radial Leste e do corredor de ônibus que liga Itaquera ao Parque Dom Pedro, no centro, e a três estações de metrô, todas da Linha 3-Vermelha: Carrão, Tatuapé e Belém. “Entendemos que trazer mais espaços propícios a empresas e comércios ajudaria a trazer trabalho e condições de permanência no bairro, evitando o fluxo diário para trabalho em outros bairros, ou a saída permanente”, afirma a arquiteta Anna Dietzsch, uma das idealizadoras do Eixo Platina.
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Do total, dois desses prédios já foram entregues: o Geon 652, em 2019, e o Crona 665. Este último é o primeiro empreendimento só de lajes corporativas, novidade para a região. Outro que deve ser entregue neste ano é o Platina 220, que será o prédio mais alto da capital, com 172 metros de altura.
Para o consultor em política urbana Lucas Chiconi Balteiro, 28 anos, morador da região, a organização de grupos empresariais visando criar uma centralidade — tal como acontece com as avenidas Faria Lima, Paulista e Berrini — não é um movimento novo, porém, tem se intensificado. “O que essa empresa está promovendo é uma centralidade por si só, e não está usando um instrumento urbanístico para isso, como foi no caso da (Operação Urbana) Águas Espraiadas, que ajudou muito a Berrini”, afirma o também mestrando pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).
Maior da cidade terá visita grátis
O Platina 220, o prédio mais alto da capital, com 172 metros, permitirá visitação para que as pessoas possam desfrutar da vista. Isso será feito antes da entrega para os compradores do empreendimento, no fim de agosto, em data ainda a ser definida e divulgada nas redes sociais da construtora. “Vamos chamar o público da região para conhecer”, afirma Igor Melro, da Porte Engenharia e Urbanismo, responsável pela obra.
Segundo ele, isso já foi feito em setembro de 2021, antes de a empresa entregar o Figueira Altos do Tatuapé, o maior prédio residencial da cidade de São Paulo, com 168 metros de altura, aos compradores. Na ocasião, 700 moradores da região puderam subir até o 50º andar da edificação (com unidades comercializadas a partir de 5,5 milhões de reais).
No caso do Platina 220, eles poderão subir até o 46º andar, embora a altura de 172 metros seja computada do chão até o heliponto, que fica no pavimento que seria o 49º andar, onde já houve aulas de circuito e spinning. A diferença entre os dois é que o pé-direito (distância do pavimento ao teto) do Platina 220 é maior do que o do Figueira.
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Publicado em VEJA São Paulo de 27 de julho de 2022, edição nº 2799