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As xerifes que colocam ordem na balada

Elas recepcionam clientes vips, lidam com bêbados brigões e até dão palpite no repertório dos DJs

Por Carolina Giovanelli
Atualizado em 14 Maio 2024, 11h19 - Publicado em 11 nov 2011, 23h50
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  • Uma noitada na balada costuma ser um cenário propício para confusões. Logo na entrada, reclamões batalham por um desconto no ingresso; durante a madrugada, há quem arranje encrenca por um esbarrão na pista; no final da festa, pipocam os casos de clientes que, depois de exagerar na bebida, se recusam a pagar a conta ou não têm dinheiro suficiente para fazê-lo. Quem fica responsável por dar fim a esses pepinos são os gerentes dos clubes, representados cada vez mais por mulheres. Sem deixar o charme nem a delicadeza de lado, elas se mostram mestras em impor respeito nas situações tensas. “Temos mais jogo de cintura do que os rapazes para lidar com o público”, afirma a gaúcha Janine Vilela, conhecida como a xerife da boate Disco, no Itaim.

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    Contratada desde a inauguração do refinado endereço, há onze anos, quando fazia as vezes de bartender, Janine jura nunca ter faltado um dia ao trabalho. Mesmo quando sofria ao encerrar o expediente, às 7 horas, e ir direto para as aulas de administração da Universidade Anhembi Morumbi, curso no qual se formou no meio do ano. Na Disco, ela dá palpites em quase tudo, da temperatura do ar-condicionado ao repertório dos DJs. Fã de samba (ela desfila na escola Vai-Vai todo ano) e avessa a bebidas alcoólicas, a moça já foi sondada por pelo menos quatro outros empresários de baladas e sempre recusou os convites.

    Antes de sair de casa, na Vila Sônia, ela capricha no visual para não fazer feio perto dos bacanas da cidade que frequentam o local e dos famosos gringos que costuma pajear, entre eles a cantora Shakira e o ator Benicio Del Toro. “Ando até apostando em aulas de inglês para melhorar a comunicação”, diz. Bem relacionada, ela consegue responder com propriedade à famosa pergunta “você sabe com quem está falando?”. Tornou-se tão querida por alguns frequentadores que um grupo deles contribuiu para uma polpuda gorjeta de aniversário, há cerca de três anos: 2.000 reais em dinheiro vivo.

    No ramo, é preciso ficar de olho para não confundir amizade com interesse. “Tem gente que chega de braços abertos para me cumprimentar, mas não tenho nem ideia de quem seja”, conta Giane Serrano, gerente da Mynt Lounge, no Itaim. Com fama de brava e atrevida, ela começou a carreira há dez anos, no célebre clube Lov.e. Certa vez, no comando da boate Lotus, arrumou uma encrenca com um policial que não queria deixar a arma em um cofre da entrada. Ele não gostou da atitude e mandou um camburão levá-la para a delegacia, algemada. “Felizmente, me liberaram em seguida”, lembra. A loira namora um tatuador e curte ir a shows de rock. No último dia 6, desdobrou-se para que os integrantes da banda The Strokes, que estavam na cidade para um festival, tivessem uma festa de reis na Mynt Lounge, longe dos fotógrafos, com bebida à vontade e agilidade na entrada e na saída.

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    Giane Serrano 2243 xerife
    Giane Serrano 2243 xerife ()

    No mesmo fim de semana, a xerife Ana Milani começou a trabalhar às 22 horas de sábado para voltar para casa somente às 19 horas de domingo, quando uma folia especial para 900 pessoas na D-Edge havia acabado. Há sete anos na ativa (antes era professora primária), ela é adepta de um estilo sério, composto de blazer e pérolas. Com uma filha de 14 anos, Ana age como mãe também durante o trabalho. Já precisou expulsar casais que estavam sendo inconvenientes no salão e evitar que funcionários beijassem clientes ou dançassem durante o expediente. “Deixo claro para a equipe que temos de fazer a festa dar certo, não participar dela”, diz.

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    Thais Niles, gerente do clube Glória, na Bela Vista, resolveu largar a rotina da noite para resolver as operações diurnas mais tranquilamente. Somente em eventos especiais ela dá as caras na madrugada. A mudança veio depois de passar por apertos como ter de encher seu carro com centenas de latas de cerveja porque a distribuidora não tinha entregado as bebidas ou correr atrás de um DJ que dormiu demais e só apareceu para discotecar às 5 da manhã. “Nessa profissão, é preciso ter sangue-frio”, afirma. “Já me xingaram de todos os nomes, mas sempre mantive a elegância.”

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