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Vítimas tiveram importante papel na captura de Roger Abdelmassih

A dor e a obsessão por justiça no caso do ex-médico Roger Abdelmassih

Por Jussara Soares
Atualizado em 5 dez 2016, 14h10 - Publicado em 23 ago 2014, 00h00
Roger Abdelmassih
Roger Abdelmassih (Fernando Moraes/)
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Desde a última terça (19), quando Roger Abdelmassih foi preso no Paraguai, as câmeras de televisão não pararam de focar a estilista Vanuzia Leite Lopes, de 54 anos, líder do grupo das vítimas do especialista em reprodução assistida. O grupo não saiu do anonimato apenas para denunciar seu algoz, mas também foi fundamental na investigação que levou à captura do foragido mais procurado do país. Vanuzia havia prometido não sossegar enquanto não visse preso o homem que a atirou no pesadelo da violência sexual: em 17 de janeiro de 1994, ao acordar da sedação na clínica, deparou com o profissional em cima dela.

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“Eu tinha sêmen sobre mim e sangrava por causa do sexo anal”, detalha. No mesmo dia, dirigiu-se a uma delegacia, fez exame de corpo de delito e levou o protocolo da denúncia ao Conselho Regional de Medicina. Nada ocorreu. “Ele era muito poderoso, não foi para a frente.” Só seria ouvida mais de uma década depois, em 2008, ao ter sua voz unida ao coro de outras mulheres. O médico acabou detido, mas, no ano seguinte, o então ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu-lhe habeas corpus. O episódio levou Vanuzia a desenvolver síndrome do pânico: ficou quase dois anos sem sair de seu prédio, na Vila Mariana. Naquela época, recebia ameaças por telefone e por mensagens de texto, que a intimavam a permanecer calada.

 

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A página da Associação das Vítimas do Doutor Roger no Facebook foi criada em 2011, ano em que o acusado passou a ser considerado foragido. Ali Vanuzia começou a concentrar a investigação sobre seu paradeiro. Aos poucos, ia adicionando outros grupos que pudessem ajudá-la com pistas, como moradores de Avaré e Jaboticabal, onde viveu Larissa, a mulher de Abdelmassih. Por intermédio dessas pessoas, recebeu documentos. O primeiro foi uma certidão de casamento, enviada através de um e-mail anônimo. Outras fontes mandaram dados de contas bancárias. Ao todo, foram reunidos 110 documentos, repassados ao Ministério Público, à Polícia Civil e à Interpol. “Eu me tornei um veículo das denúncias”, afirma Vanuzia. Seu desafio, a partir de agora, é conseguir incriminar o médico por manipulação genética e descarte de embriões.

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