Em cartaz até sábado (30) na 1500 Gallery, em Nova York, e elogiada pela crítica americana, a mostra “Berlinscapes”, do paulistano Tuca Vieira, abre para o público em São Paulo, na Fauna Galeria, um dia antes. O fotógrafo de 36 anos ligado a arquitetura e urbanismo exibe o resultado de uma residência artística de três meses na capital alemã. Nesse período, cruzou a cidade de bicicleta com a câmera na mão.
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“Já havia estado outras vezes lá, mas sempre tive o desejo de voltar e fazer um trabalho elaborado”, explica. “O que mais me atrai em Berlim é ser praticamente um museu a céu aberto. Pode-se ler a história local apenas observando os prédios.” Todas as imagens foram clicadas à noite. Além de ter feito sua estadia por lá no fim do ano, quando escurece muito cedo, Vieira registrou paisagens urbanas menos reconhecíveis e evidentes, propícias à imaginação.
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Entre os cenários presentes nas treze obras estão edifícios e um parque de diversões da antiga Alemanha Oriental abandonados e o aterrador Memorial aos Judeus Mortos da Europa, o Memorial do Holocausto, coberto de sombras. Todos os lugares surgem vazios, contaminados por uma impressão ao mesmo tempo lúgubre e atraente, e parecem transportar o espectador para uma realidade paralela, não documental.
Formado em letras com habilitação em alemão pela USP, o artista assume a influência em sua produção de escritores de inflexão fantástica, a exemplo do checo Franz Kafka e do argentino Jorge Luis Borges. Alguns críticos nos Estados Unidos traçaram analogias com a Escola de Düsseldorf de Fotografia, caracterizada pela objetividade quase clínica, de tão impessoal. Embora admire alguns nomes daquele movimento, Vieira não enxerga tantos paralelos na comparação. “Não me identifico com toda a falta de emoção deles”, diz.