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Tuca inaugura acervo sobre sua trajetória de agitos e resistência

Depois de um trabalho de cinco anos, 30 mil documentos sobre o teatro foram digitalizados e encontram-se disponíveis para pesquisa

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 14 Maio 2024, 11h46 - Publicado em 1 out 2011, 00h50
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  • Para o público, a história vivida em uma casa de espetáculos tende a se transformar com o tempo em lembrança vaga. Cenário de efervescência cultural e política, principalmente durante o regime militar, o Teatro da Universidade Católica (Tuca), em Perdizes, oferece desde o dia 22 um serviço pioneiro na cidade. Depois de um trabalho de cinco anos, orçado em 150 mil reais, o Centro de Documentação e Memória do Tuca pretende perpetuar o que de importante foi visto por ali. Neste primeiro momento, 30 mil documentos digitalizados encontram-se disponíveis para pesquisa.

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    Esse número significa 10% de 320 caixas, incluindo fotografias, documentos, programas de peças e shows, além de reportagens culturais e políticas. “Iniciamos ainda uma campanha para doação de qualquer material que as pessoas possam ter em casa e que aqui ganhará utilidade”, diz a coordenadora Ana Salles Mariano. A digitalização total deve levar mais um ano, e entrevistas com artistas, políticos e funcionários estão sendo gravadas para a formação de um banco de depoimentos.

    Inaugurado em 1965 com o espetáculo “Morte e Vida Severina”, adaptação dos poemas de João Cabral de Melo Neto musicada por Chico Buarque, o Tuca ouviu a vaia ao cantor Caetano Veloso enquanto ele defendia a polêmica “É Proibido Proibir” no III Festival Internacional da Canção Popular, em 1968. Também recebeu estrelas da canção engajada como a argentina Mercedes Sosa e seu bumbo e a americana Joan Baez (proibida de completar o show) e seu banquinho.

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    Estão guardados os pareceres de liberação revisados a cada semana pelos censores com “sugestões de alterações” no repertório dos shows de Gal Costa e Maria Bethânia. Em 22 de setembro de 1977, um ato pela reorganização da então proscrita União Nacional dos Estudantes (UNE) em frente ao teatro culminou na invasão da faculdade e, exatos sete anos depois, um incêndio destruiu grande parte do Tuca. O restante da estrutura foi alvo de uma nova queima passados três meses. Aos 46 anos, o Tuca, depois de uma reforma concluída em 2003, dedica-se basicamente a apresentações de montagens teatrais em duas salas. Os tempos são outros, felizmente, mas aquela época bem menos amena já pode ser revisitada e conhecida por quem não a viveu.

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