Avatar do usuário logado
OLÁ,

Transporte público é local onde mulheres mais sofrem assédio

35% dizem já ter sido alvo de algum tipo de abuso nesses ambientes

Por Veja São Paulo
Atualizado em 1 jun 2017, 16h31 - Publicado em 8 nov 2015, 14h10
Imagem de uma menina escondendo o rosto com as mãos
estupro (Reprodução/Veja SP)
Continua após publicidade

Ônibus, trens e metros são os palcos mais recorrentes de assédio contra mulheres, segundo pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (8) no jornal Folha de S.Paulo. Cerca de 35% dizem já ter sido alvo de algum tipo de abuso nesses ambientes, 22% delas afirmam ter sofrido assédio físico, 8% assédio verbal e 4% de ambos.

+ O obstetra Jefferson Drezett fez mais de 600 abortos legais

Em setembro, grupos feministas fizeram protesto na estação República do Metrô, espaço onde em abril deste ano uma funcionária foi estuprada dentro de um guichê de recarga de Bilhete Único. Durante o ato, as mulheres cobraram mais segurança e treinamento dos funcionários para lidar com casos de abuso.

Protesto Metrô
Protesto Metrô ()
Continua após a publicidade

O Metrô lançou em abril a campanha “Você não está sozinha” para combater o assédio sexual em seus trens. Em julho, uma jovem vítima de assédio sexual ganhou na Justiça uma ação contra o Metrô, que teve de pagar indenização de 20 000 reais para a mulher, molestada em um vagão na linha 1-Azul em setembro de 2014.

Naquele mesmo ano, a Companhia do Metropolitano lançou uma campanha publicitária na Rádio Transamérica que revoltou passageiros, causou polêmica nas redes sociais e foi alvo de investigação do Ministério Público Estadual (MPE).

+ Confira as últimas notícias da cidade

Na peça, a empresa dizia que “trem lotado é bom para xavecar a mulherada”. A peça foi retirada do ar. O Metrô alega que a rádio não tinha autorização para veicular a mensagem. Na época, a companhia disse que a “produção desse infeliz comercial” era de responsabilidade da emissora.

Continua após a publicidade

O levantamento do Datafolha foi realizado entre os dias 28 e 29 de outubro com 1 092 homens e mulheres. Em seguida ao transporte público, os locais de assédio são a rua (33%), a balada (19%) e o trabalho (10%).

A pesquisa aponta que 51% das mulheres que sofreram assédio na vida foram alvo até os 17 anos – 12% delas antes mesmo dos 12 anos de idade. Há uniformidade na taxa de ocorrência de assédio nas várias faixas etárias: 23% têm entre 16 a 24 anos, 27% entre 25 e 34 anos, 22% das mulheres entre 35 e 44 anos e 22% entre 45 e 59 anos. No total, metade das mulheres disseram já ter sofrido assédio.

+  “Temia tanto pela minha vida que não consegui gritar”, diz empregada doméstica que engravidou após estupro

ESTUPRO

Na reportagem de capa desta semana VEJA SÃO PAULO revelou que das cerca de 1500 interrupções de gravidez em vítimas de violência sexual atendidas no hospital paulistano Pérola Byngton em quase 21 anos, 65% foram de mulheres adultas e 35% em crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de idade. Somente o obstetra Jefferson Drezett, que montou o Serviço de Violência Sexual e Aborto Legal do local, executou 600 no período.

Continua após a publicidade
Aborto - Jefferson Dezett 2
Aborto – Jefferson Dezett 2 ()

Pacientes de classe média recorrem ao hospital, mas a maior parte vem de famílias mais pobres. Quando o caso envolve vítimas menores de 15 anos, o agressor está próximo ou dentro de casa. São padrastos, tios, cunhados e até mesmo os próprios pais e avôs. As maiores de idade costumam ser atacadas na rua por desconhecidos, parceiros ou ex-namorados.

Publicidade