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Prefeitura restringe circulação de caminhões para melhorar trânsito

Cerco será fechado aos caminhões pesados, restrição aos caminhões leves será afrouxada e motos serão vetadas na pista expressa da Marginal Tietê

Por Daniel Salles e Maria Paola de Salvo
Atualizado em 1 jun 2017, 18h43 - Publicado em 30 jul 2010, 22h24
Trânsito
Trânsito (Helvio Romero/Agência Estado/AE/)
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Cenas como a da foto acima, da Marginal Pinheiros entupida de caminhões, podem estar com os dias contados. Pelo menos é o que promete a administração municipal. Na última quarta, o prefeito Gilberto Kassab decidiu proibir a circulação de caminhões das 5 às 21 horas, de segunda a sexta, nas avenidas dos Bandeirantes e Jornalista Roberto Marinho e na Marginal Pinheiros entre as pontes do Jaguaré e do Morumbi.

Atualmente, os grandalhões estão impedidos de trafegar, nos mesmos horários, apenas em uma área da cidade chamada de Zona de Máxima Restrição de Circulação. O anúncio foi feito em uma reunião no Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e Região (Setcesp). As medidas entram em vigor na segunda (2). As multas para quem desrespeitá-las, de 85,12 reais, mais 4 pontos na carteira de habilitação, começarão a ser aplicadas em setembro. A administração municipal espera retirar 80% dos 35 500 caminhões que atualmente percorrem a Marginal Pinheiros e a Avenida dos Bandeirantes diariamente — não há dados referentes à Avenida Jornalista Roberto Marinho. Com isso, a expectativa é derrubar em até 20% os índices de congestionamento nessas vias nos horários de pico.

O cerco a esses veículos pesados veio em boa hora. Logo após a inauguração do trecho sul do Rodoanel e da pista central da Marginal Tietê, três meses atrás, os congestionamentos em toda a cidade diminuíram 28%. O último balanço da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), no entanto, mostra que a melhora na fluidez do trânsito vem sendo de apenas 11%. “Agora, os veículos que têm a possibilidade de trafegar pelo Rodoanel serão coibidos de utilizar as vias da cidade”, afirmou o secretário municipal de Transportes, Marcelo Cardinale Branco.

Na quinta-feira, o prefeito Kassab declarou que o aperto aos caminhões poderá aumentar ainda mais. “Nossa expectativa é proibi-los nos próximos meses de circular também na Marginal Tietê”, disse. Entre as transportadoras, a chiadeira já começou. “A Marginal Pinheiros e a Avenida dos Bandeirantes são como a aorta do sistema de transporte”, afirma o presidente do Setcesp, Manoel Sousa Lima. “Quando o pedágio do trecho sul do Rodoanel estiver funcionando, o custo do transporte do interior ao litoral aumentará 39 reais por viagem.”

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Para a urbanista Silvana Maria Zioni, as novidades são muito positivas. “Finalmente a prefeitura passou a olhar a circulação de carga dentro da cidade como um assunto sério”, diz. “Falta, no entanto, um estudo mais aprofundado e amplo para saber com precisão para onde migrará esse fluxo de caminhões.” Além do Rodoanel, a Avenida do Estado é a principal alternativa para os motoristas. Ou seja: o efeito colateral da medida poderá ser o aumento de congestionamentos nessa via.

Outra boa notícia é o fim do rodízio especial criado para caminhões leves, utilizados para pequenas entregas, os chamados Veículos Urbanos de Carga (VUCs). Com a mudança, os motoristas deverão obedecer apenas ao rodízio municipal, comum a todos os paulistanos. Na prática, isso pode significar um alívio no trânsito. Desde que o cerco aos VUCs se intensificou, em 2008, 64,6% das transportadoras que prestam serviço na cidade decidiram aumentar sua frota de utilitários, como vans e peruas. Agora, a tendência é que eles voltem para a garagem. Cada VUC consegue substituir até quatro desses veículos.

O pacotaço de restrições atinge ainda os motociclistas. Eles passam a ser proibidos de circular na pista expressa da Marginal Tietê, que concentra mais da metade dos acidentes envolvendo esses veículos, segundo a CET. Como as motos serão obrigadas a circular numa velocidade mais baixa, a 70 quilômetros por hora, a expectativa é reduzir não só o número de acidentes como a gravidade deles. “Esperamos que as altas taxas de mortalidade e de amputação finalmente comecem a cair”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia, Cláudio Santili.

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No ano passado, 32 motoqueiros morreram na Marginal. Em toda a cidade foram 428. “O motorista que trafegar ali terá de prestar mais atenção na hora de mudar de faixa, momento em que boa parte das colisões acontecem”, diz o engenheiro Gabriel Feriancic, especialista em transporte. São medidas positivas. Espera-se agora que o prefeito não ceda às inevitáveis pressões e volte atrás, como fez no ano passado no caso dos fretados.

O que muda nas vias da Capital 

 

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