Além dos danos causados à estrutura do auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina, que pegou fogo na última sexta (29), uma das maiores perdas do acidente foi a tapeçaria de mais de 800 metros quadrados, assinada pela artista plástica Tomie Ohtake, que acabou totalmente destruída.
Em entrevista à VEJASAOPAULO.COM, Tomie falou sobre sua relação com a obra, Niemeyer, e revelou que já foi procurada pela Secretaria de Cultura para refazer a peça. “O secretário Marcelo Araujo telefonou-me quando finalmente conseguiu adentrar o auditório. Disse que sem dúvida iria reformar a edificação e refazer a peça mural. Fiquei contente.”
Como foi quando a senhora recebeu a notícia de que o auditório tinha pegado fogo e a sua tapeçaria estava destruída?
Foi por um telefonema. Senti muito pelo auditório, um belo projeto de Oscar Niemeyer. E pelo meu mural, é claro.
A senhora se lembra de como lhe foi feita a encomenda da obra? Niemeyer fez algum pedido especial?
O arquiteto me deu total liberdade para a criação daquela longa parede de 70 metros. Exigiu, apenas, que fosse uma tapeçaria, por conta do projeto acústico.
Quanto tempo levou a construção da peça? A senhora se recorda de qual foi a sua inspiração?
Levei um tempo para desenhar o projeto executivo e, depois, mais um tanto para a execução da tapeçaria. Acho que mais ou menos dois meses. Para instalar, foi mais um mês. A empresa que fez tudo na época foi a Tabacow, com grande competência e qualidade.
A senhora pretende refazer a obra? Já recebeu algum pedido formal?
O Secretário Marcelo Araujo, da Cultura, telefonou-me quando finalmente conseguiu adentrar o auditório. Disse que sem dúvida iria reformar a edificação e refazer a peça mural. Fiquei contente.
A senhora pretende usar o mesmo desenho e material? Seria possível refazer outra tapeçaria exatamente igual à original?
Vou esperar a determinação técnica para a escolha do material. Mas o desenho certamente será o mesmo.
Tem uma estimativa de quanto custará a obra? Galeristas dizem que a peça tem valor inestimável.
Não tenho ideia de custo. É difícil calcular o valor de uma obra inusitada como essa, principalmente com aquele tamanho e feita especificamente para o local. É uma grande empreitada e uma extraordinária experiência. Niemeyer gostou muito da peça e, em sua obra seguinte, em São Paulo, onde cabia um trabalho meu, me convocou novamente. Foi o Auditório do Ibirapuera.