“Tive certeza que ia morrer”: passageira relata pânico após descarrilamento no Metrô de SP
Jornalista estava em composição que sofreu acidente e contou como usuários foram retirados do vagão acidentado

Na manhã de terça-feira (9), um acidente entre as estações Vila Sônia e São Paulo–Morumbi, na Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo, provocou pânico entre os passageiros que estavam no trem. O trecho precisou ser interditado após o último vagão do trem descarrilar e se soltar parcialmente, causando forte impacto em toda a composição.
A jornalista Mavi Faria, da editora Abril, estava em um dos vagões centrais e relatou à Vejinha os momentos de tensão vividos no interior do trem.
“O vagão tinha acabado de sair da Vila Sônia, não tinha dado nem cinco minutos de viagem quando ouvimos uma pancada muito forte. O vagão começou a se mexer como se fosse uma gangorra”, contou. “Eu estava sentada e quase caí. O barulho foi muito alto, parecia que algo tinha se partido. Depois soubemos que o último vagão havia descarrilado.”
Segundo Mavi, a movimentação repentina foi seguida por gritos e correria. “As pessoas que estavam no fundo, mais próximas do vagão que se soltou, começaram a correr em direção ao início do trem, chorando e gritando. Na hora, ninguém sabia o que estava acontecendo. Poderia ser fogo, um tiroteio, qualquer coisa”, lembrou. “Corri junto com todo mundo. Foi um cenário de total pânico.”
Medo de morrer
Sem sinal de celular e sem informações oficiais, os passageiros ficaram cerca de 30 minutos dentro do trem, segundo a jornalista.
“Um único funcionário do metrô andava de um lado para o outro, aparentemente tentando entender a situação. A gente só conseguiu mandar mensagem quando já estava perto de SP-Morumbi, andando pelo túnel.”
O trem foi finalmente esvaziado por meio de uma passarela improvisada nos trilhos. Os passageiros caminharam cerca de 500 metros até a estação São Paulo–Morumbi.
“Lá, achei que nos colocariam em outro trem para seguir viagem até a Luz. Mas a estação foi completamente fechada e ninguém mais pôde entrar. Saí por ali mesmo e tive que pedir um carro de aplicativo para conseguir chegar à redação.”
Mavi diz que, no momento da colisão, pensou no pior. “Tive certeza que ia morrer. Estávamos presos, sem sinal, sem saber o que estava acontecendo e sem ter pra onde correr. Foi um cenário apocalíptico.”
A Via Quatro, concessionária responsável pela Linha 4-Amarela, informou que ninguém se feriu gravemente e que o acidente está sendo investigado. Imagens que circularam nas redes sociais mostram o último vagão desencaixado e parte dos trilhos danificados.
“Depois que vi as fotos, entendi a gravidade do que aconteceu. A gente só teve noção real quando já estava fora do trem”, comenta a jornalista.
Na manhã seguinte, apesar do nervosismo, Mavi voltou a utilizar o mesmo trecho. “Não tenho o luxo de pegar trauma do metrô. Preciso dele pra trabalhar. Mas confesso que fiquei tensa até passar por SP-Morumbi e ver que estava tudo bem.”
A linha voltou a operar, mas com velocidade reduzida entre as estações afetadas nesta quarta-feira (10).