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Seleção argentina

The Pick Market resgata a ideia do armazém de secos e molhados, com produtos — 80% locais — garimpados pelos próprios donos

Por Simone Esmanhotto, de Buenos Aires
Atualizado em 5 dez 2016, 17h03 - Publicado em 6 jul 2012, 20h40
carrinho de madeira the pick market
carrinho de madeira the pick market (Candela Rubino/)
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Talvez esteja mofado na memória o tempo em que abastecer a despensa e a geladeira não significava encher carrinhos gigantes em hipermercados uma vez por mês. Época em que os armazéns forneciam mercadorias aos vizinhos, diariamente e a granel, e os consumidores se fiavam na escolha do dono para comprar os produtos. Essa é a quase proposta do The Pick Market, um minimercado aberto há pouco mais de um ano na Recoleta, em Buenos Aires. “Resgatamos a compra feita no caminho do trabalho para casa”, diz o empresário mineiro Anielo Gonçalves Junior.

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Ex-presidente da Mundial, conhecida pelos alicates, Gonçalves se associou a Francisco Calusio, antes diretor do grupo Moët Hennessy, para em 120 metros quadrados resumir o melhor do made in Argentina (no andar superior, 60 metros quadrados são reservados para um restaurante de refeições rápidas). Cerca de 80% dos produtos vendidos ali são do país. O que torna esse mercado uma versão caprichada dos antigos secos e molhados são o faro e o conhecimento de causa dos donos. Gourmets exigentes, Gonçalves e Calusio fizeram do Pick um armazém na medida dos paladares que só se contentam com muito — esse é um dos poucos lugares na capital onde se vendem, a cerca de 3 800 euros o quilo, trufas negras da Espanha. Das carnes exóticas (jacaré, rã) às medialunas (o hermano do croissant), dos embutidos às verduras orgânicas, tudo é (a)provado pela dupla.

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Aos vinhos cabe um capítulo à parte. Dos 240 rótulos disponíveis, 230 vêm de terroir nacional. Muitos, de pequenos produtores egressos de vinícolas tradicionais compradas por gigantes das bebidas alcoólicas. Com sorte, Gonçalves pode indicar o vinho do dia ou convencer o cliente da supremacia do alfajor Guolis, de fabricação familiar, em relação ao Havanna. Ele é vizinho do endereço da Recoleta e vive ali. Calusio, por sua vez, cuida da filial de Palermo, aberta no fim do ano. Os funcionários fazem jus aos donos. Eles ajudam a escolher o doce de leite (Chimbote para os menos “formigas”) ou ensinam a usar os molhos para salada à base das uvas malbec e torrontés da Aromas de Cocina. Lançados pela chef e sommelière María Laura Ortiz, são tão bem embalados em tubos de ensaio que poderiam ser confundidos com perfumes. Uma última graça do The Pick Market é a simplicidade planejada: do carrinho de madeira às lousas escritas a giz colorido.

The Pick Market. Calle Libertad, 1212, Recoleta, tel. 54 (11) 4519-8046, e Calle Demaria, 4527, Palermo, tel. 54 (11) 3998-3675, Buenos Aires, thepickmarket.com.ar

 

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