Um homem caído na calçada da Rua Boa Vista, no centro, motivou o chamado aos bombeiros às 9h50 da última segunda. Dois minutos depois chegavam ali o sargento Rogerio Gonçalves e o cabo Renato Corá da Silva, em suas motos Honda Falcon, de 400 cilindradas. “Uma viatura convencional demoraria o dobro do tempo”, diz Silva. Sempre em duplas – por segurança e pelo fato de que sozinho fica mais difícil realizar os primeiros socorros –, os bombeiros sobre duas rodas começaram a circular pelas ruas de São Paulo há seis anos. Timidamente, diga-se. Eram apenas duas motos, e os equipamentos cabiam em uma mochila. Hoje são 28 veículos, que carregam itens como desfibrilador, cilindro de oxigênio, kit para parto e curativos. Trafegam das 7h30 às 19h30 e cada dupla atende a cerca de sete ocorrências por dia. Em geral, prestam atendimento de emergência a vítimas (90% dos casos) enquanto as UTIs móveis estão a caminho. Mas também são utilizadas para, por exemplo, isolar a área de um incêndio até a vinda das viaturas.
Antes de pilotarem as motos, os bombeiros precisam fazer um curso de duas semanas, no qual treinam seus reflexos e ficam preparados para conseguir driblar o caótico trânsito da cidade com agilidade, segurança e responsabilidade. “No começo do projeto, um colega nosso morreu em uma ocorrência”, lembra o tenente Humberto Cesar Leão, instrutor de resgate do Corpo de Bombeiros. “Isso nunca mais aconteceu e, no último ano, foram apenas duas quedas leves.” A idéia de utilizar motos para agilizar o atendimento foi importada de Tóquio, no Japão. “Eles também sofriam com o problema do trânsito intenso”, conta o major Reginaldo Campos Repulho, que em 2001 realizou um estudo de viabilidade para a aplicação do modelo por aqui. “Havia uma resistência na própria corporação. Alguns questionavam a segurança do sistema.” No treinamento, entretanto, isso acabou desmitificado. O motobombeiro não precisa ser “rápido” como um motoboy irresponsável. O ganho de agilidade está na velocidade constante, já que as motos driblam facilmente os congestionamentos e, se necessário, podem atravessar praças e até trechos de calçadas.