Clássico entre as muitas peças do russo Anton Tchecov (1860-1904), o drama “Tio Vânia” foi visto na cidade em pelo menos três versões na última década. Duas delas ganharam a direção do paulistano Celso Frateschi, em 2000 e 2008, e uma outra, de 2003, chegou à cena sob o comando do cearense radicado no Rio de Janeiro Aderbal Freire-Filho. Agora, os mineiros do Grupo Galpão convidaram a conterrânea Yara de Novaes para capitanear a montagem batizada de “Tio Vânia (Aos que Vierem Depois de Nós)”. Mais próxima da perspectiva em relação às escolhas da vida do que da falência dos sonhos, a adaptação conserva a carga dramática do original, mas adéqua o sofrimento a um estilo brasileiro raras vezes obtido na revisão de uma obra estrangeira.
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O personagem-título (o ator Antonio Edson) é um sujeito imerso num amor não correspondido que percebe ter desperdiçado os dias lutando por uma causa que ninguém valoriza: a propriedade rural da família. A chegada à fazenda do ex-cunhado, o escritor Serebriákov (Arildo de Barros), ao lado da jovem mulher, Helena (Fernanda Vianna), traz à tona as frustrações de Vânia e as de sua sobrinha, Sônia (Mariana Lima Muniz). Os personagens tomam vodca, queixam-se do inverno intenso, porém seus nomes, principalmente os mais característicos da Rússia, são pouco pronunciados.
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Mostra-se fundamental para a credibilidade do protagonista o tipo físico de Edson. Longe da imagem de galã, ele representa um típico camponês e encontra o equilíbrio nas composições também minuciosas do restante do elenco (completado por Eduardo Moreira, Paulo André e Teuda Bara). Investindo nos detalhes, a direção de Yara minimiza o pessimismo e aproxima as criaturas de Tchecov do espectador.
AVALIAÇÃO ✪✪✪✪