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OLÁ,

Sergio K inaugura loja na Oscar Freire

O estilista Sergio Kamalakian Savone tem como público rapazes descolados e endinheirados

Por Sara Duarte
Atualizado em 5 dez 2016, 19h29 - Publicado em 18 set 2009, 20h29

Um Porsche 550 Spyder prateado ano 1954 decora a mais nova loja da Rua Oscar Freire. Peça de colecionador, o veículo de 550 quilos é semelhante ao que James Dean dirigia quando morreu, ao bater de frente com um Ford Tudor em uma auto-estrada da Califórnia, há 53 anos. Pendurado na parede, o carro de corrida vintage serve para mostrar que o espaço de 130 metros quadrados da via comercial mais elegante da cidade é genuinamente masculino. Com dois andares, oferece 400 produtos: de camisetas e bermudas de surfe a trajes de alfaiataria e sapatos de couro com linhas modernas. Todos levam a marca Sergio K, do estilista Sergio Kamalakian Savone. Criador das camisas pólo que fazem a cabeça dos mauricinhos – aquelas bem justas, com um logotipo em forma de coroa –, ele inaugura na próxima semana a sua primeira loja-conceito.

Aos 26 anos, o jovem descendente de armênios é o atual queridinho dos descolados paulistanos. Ele tem três lojas próprias e um córner na Daslu, que, juntos, vendem 50?000 camisas pólo por ano, que custam entre 180 e 300 reais, e 9?000 pares de tênis. Cada cliente gasta em média 380 reais. “Há quem olhe para o catálogo e diga: quero esta página inteira”, afirma o estilista. Obviamente, esse desejo incontido é fruto de uma boa estratégia de marketing. Sergio K começou vendendo calçados de couro argentino feitos a mão em uma lojinha de 38 metros quadrados na mesma Oscar Freire. De tanto observar, percebeu que os homens não têm paciência para visitar várias lojas: quando vão às compras, querem encontrar tudo em um mesmo lugar. Por isso, aos poucos foi ampliando o número de itens. Hoje, além de prêt–porter masculino, vende malas de viagem, artigos para casa e até camisetas para cães.

Criado em Alphaville, o estilista estudou em boas escolas, tornou-se fluente em inglês, francês e italiano e apurou o olhar para a moda em viagens pelo mundo. Atribui seu sucesso ao fato de criar roupas que ele e os amigos gostam de usar. Mas não teria conseguido fazer os jovens sentir orgulho de assumir seu lado mauricinho se não fosse um grande senso de oportunidade. “Em 2004, grifes como Adidas e Ralph Lauren lançaram linhas jovens inspiradas em esportes como tênis e rúgbi”, lembra Carlos Ferreirinha, consultor do mercado de luxo. “Sergio K foi o primeiro estilista brasileiro a aderir à onda.” De acordo com Elizabeth Tenani, gerente de produto da concorrente Anni Futuri, sua grande sacada foi se tornar o porta-voz do estilo preppy. Ela explica: “É o figurino arrumadinho utilizado pelos filhos da nata da sociedade americana que freqüentam as preparatory schools”.

Desde aquela época, para se aproximar do público-alvo, Sergio K presenteava com suas peças famosos como os apresentadores Márcio Garcia e Adriane Galisteu. Até hoje distribui camisetas e jeans como brindes (ops, gifts!) em eventos para ricos e famosos e patrocina atletas de esportes como pólo e stock car. Por causa disso, empresas que atuam nesse segmento costumam chamá-lo para assinar seus produtos. Na nova loja, haverá roupas e acessórios Land Rover, óculos de sol Carrera, uísques Jameson, celulares Nokia, cadeados Papaiz… “É como se eu fosse o curador de uma galeria onde só há objetos de desejo”, diz ele, que faz um blog sobre as coisas boas e caras da vida.

Para manter-se no topo, Sergio K não deixa de inventar novidades. Seu logotipo muda a cada estação, para que os consumidores queiram sempre exibir o mais recente. Também é mestre em aproveitar acontecimentos que causam burburinho para lançar produtos. Em 2006, quando a guerra entre Israel e o Hezbollah fez centenas de vítimas no Líbano, lançou uma camisa pólo com a frase “Save Lebanon”. Em seguida, criou uma camiseta com a palavra “Rehab” (reabilitação), formada por um anagrama com nomes de celebridades que tiveram problemas com álcool e drogas: Paris Hilton, Lindsay Lohan, Whitney Houston, Britney Spears e Amy Winehouse. Às vésperas da Olimpíada de Pequim, lançou outra onde se lia “Save Tibet” e, em uma semana, vendeu 380 peças. “Apesar de não serem ligados em política, meus clientes gostam de usar essas roupas para mostrar que estão antenados”, conta. Amir Slama, dono da grife Rosa Chá e presidente da Associação Brasileira de Estilistas (Abest), afirma que saber interpretar esse desejo e utilizá-lo para vender mais roupas é o maior talento de Sergio K: “Ele é um dos raros estilistas que sabem criar peças que possuem comunicação eficaz com o mercado”.

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