Na segunda edição, Bienal do Lixo expõe casa construída com plástico
Evento acontece nos dias 21 a 25 de maio no Parque Villa-Lobos e traz obras feitas com materiais de descarte

Três anos após a primeira edição, a Bienal do Lixo retorna ao Parque Villa-Lobos entre 21 e 25 de maio, seis meses antes de a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, desembarcar em Belém com lideranças globais. “A edição estava prevista para o ano passado, mas mudamos por causa da COP. Os olhos estão voltados para o Brasil neste ano, por isso a importância de abrir espaços para a troca de conhecimento sobre economia circular e mudanças climáticas. É uma grande mesa-redonda que convida o poder público, o setor privado e a sociedade para esse debate que é de responsabilidade compartilhada”, afirma Mário Farias, idealizador do evento.
A segunda edição aprofunda a discussão em torno do destino dos resíduos e seu potencial artístico, arquitetônico e de transformação social. Uma das grandes novidades é a instalação Casa do Futuro, uma residência de 50 metros quadrados — com dois quartos, banheiro, sala, cozinha e lavanderia — inteiramente feita de plásticos. Construída em sete horas, a moradia é fruto da parceria da bienal com a Fuplastic e será decorada com objetos criados por artistas convidados. “A proposta é fazer o público ter consciência perante o lixo. É o nosso resíduo e ele não desaparece quando o tiramos das nossas residências. Pensando nisso, vamos ter oficinas de compostagem e de transformação de material plástico em objetos de decoração”, compartilha a fundadora e diretora-executiva, Rita Reis.

Ao todo, serão dez oficinas, que incluem atividades para reaproveitamento de vidro, papelão e eletrodomésticos com os artistas plásticos Debora Muszkat, Leo Piló e Jota Azevedo, respectivamente. Outros sete — entre eles Cacau, artista visual idealizador do Atelier Travessia, em Higienópolis, e a muralista e ilustradora paulista Agatha de Faveri — integram uma mostra com obras compostas de diferentes tipos de material de descarte. “São impactantes, de 2 a 3 metros de altura. Também vamos inaugurar nessa exposição a parceria com a ONG do Quênia Ocean Sole. Eles recolhem chinelos dos oceanos e das praias e transformam em grandes obras, todas feitas de borracha. Na bienal, teremos um elefante e uma girafa deles”, adianta Rita.

borracha (Ocean Sole/Divulgação)
Além do segmento artístico, outros setores compõem os vinte painéis de diálogo. Entre eles, está o CEO da Green Mining, startup brasileira de reciclagem homenageada pelo Pacto Global da ONU, Rodrigo Oliveira. “É uma edição mais robusta que a primeira, a programação e o staff cresceram. Agora, teremos acessibilidade nas palestras e na mostra de cinema”, afirma Farias. A expectativa é que 25 000 pessoas passem pelo Parque Villa-Lobos para acompanhar a programação nos quatro dias de evento, quase 10 000 visitantes a mais que na edição anterior.
Pela primeira vez, a Bienal do Lixo ganha caráter itinerante. Apoiada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e com diversas parcerias, a dupla de diretores leva o evento para Salvador em junho. “Projetos como esse devem sair do eixo Rio-São Paulo. E Salvador tem uma sintonia com a bienal e com o tema da sustentabilidade. Não vai ser tão grande, mas vamos ter oficinas, mostras de cinema e arte e alguns painéis”, confirma Rita. No futuro, eles planejam rodar o Brasil com as bienais, disseminando a palavra de quem inova e promove a sustentabilidade cada vez mais longe.
21 a 25/5. Parque Villa-Lobos. Avenida Professor Fonseca Rodrigues, 2001, Pinheiros. Grátis. sympla.com.br.
4 a 8/6. Salvador. (Anúncio em breve.) Grátis. sympla.com.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 25 de abril de 2025, edição nº 2941