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OLÁ,

“O dia em que meu carro foi levado pela enchente”

Repórter de VEJA SÃO PAULO conta no texto abaixo como foi constatar que seu autómovel acabou retorcido entre outros na chuva forte que atingiu a Vila Madalena na segunda (21). E o que aprendeu com isso

Por Saulo Yassuda
Atualizado em 1 jun 2017, 16h26 - Publicado em 22 dez 2015, 13h21
carrosaulo32
carrosaulo32 (Saulo Yassuda/Veja SP)
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Meu carro não estava no ponto onde eu o havia estacionado, na Rua Medeiros de Albuquerque. A primeira pergunta foi: vim mesmo dirigindo? (Estresse de fim de ano, sabe como é.) Apalpei os bolsos, e as chaves estavam lá. Segunda questão: estacionei aqui mesmo? Sim, abaixo daquela placa. Subi e desci o quarteirão para me certificar. Nada. Terceira: fui furtado?

Eu só não queria aceitar a verdade. Aquilo que todo verão eu via no Datena, deitado no sofá, de férias no litoral, aconteceu comigo. Meu carro foi levado pela enxurrada.

Na segunda (21). à tarde, enquanto dirigia à Vila Madalena, o rádio avisou que não choveria forte por aquelas bandas (lição número um: não confiarás na previsão). Quando estacionei às 17h30 para ir até a loja de queijos, em um pedaço rebaixado (não estacionarás em áreas rebaixadas) havia nuvens no céu, mas tempestades pareciam possibilidade remota (não confiarás em suas habilidades metereológicas). Foi só quando o vendedor perguntou “débito ou crédito” que olhei para fora do estabelecimento. Em quinze minutos, a vizinhança virou um rio.

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carrosaulo2
carrosaulo2 ()

O dilúvio parecia cada vez maior. A água barrenta chegava até a metade um automóvel parado em frente. Mais atrás, outro era coberto até o capô. Um ônibus desiste de atravessar a via por causa da corredeira. A coisa estava feia.

Sob o solidário guarda-chuva do dono da loja, fomos procurar o carro. “Até os paralelepípedos do Beco do Batman foram arrancados”, diz. Avisto o veículo na Rua Harmonia, quase esquina com a Luis Murat, a mais de 200 metros de onde parei.

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Estava com a traseira imbicada em uma baladinhha juvenil. Outros seis, sete veículos – não tive a precisão jornalística no momento, perdão – se amontoavam junto dele. O caos era tamanho que dois automóveis do outro lado da rua, sobrepostos, pareciam bobagem no meio da “montanha” ao meu lado. Uma fotógrafa de jornal pediu que eu saísse da frente. Meu carro, todo inclinado, virou a estrela da tarde.

Com a confusão, a festa dos adolescentes tinha sido cancelada. Sob a chuva, os meninos e meninas lamentavam o término precoce da folia e observavam a desgraça alheia. Tipo a minha, esperando o seguro. “O guincho chega em até sessenta minutos, senhor.” Sentei sob um toldo e aguardei.

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