O presidente em exercício Michel Temer nasceu em Tietê, a cerca de 120 quilômetros de São Paulo, veio para a capital ainda adolescente, com 16 anos. Formado pelo Faculdade de Direito do Largo São Francisco, o político começou sua carreira de advogado por aqui e chegou a dar aulas de direito constitucional na Pontifícia Universidade Católica. Recentemente, trocou o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, pelo Alvorada, no entanto, quando está na metrópole, passa a maior parte do tempo em sua casa no Alto de Pinheiros, bairro nobre na Zona Oeste. No último dia 12 de maio, ele tomou posse da Presidência após Dilma Rousseff ter sido afastada pelo Senado.
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Os amigos dizem que Temer é discreto e muito caseiro. “Ele vê diversos filmes, mas não deve lembrar a última vez que foi ao cinema, por exemplo”, comenta o promotor de Justiça Roberto Porto, próximo da família. “Hoje ele assiste tudo de casa pela Apple TV”, completa.
Desde a juventude, o político se destacou em seu meio: “Ele foi diretor de um partido, chamado Partido Independente, de esquerda, mas uma esquerda construtiva”, relembra Porto. “Michel tem grande paixão por teatro e leitura. Parece uma pessoa fria, mas não é.”
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Conheça alguns dos endereços frequentados por Temer em São Paulo:
■ Antiquarius: Localizado na Alameda Lorena, nos Jardins, o restaurante português é um dos preferidos do presidente interino, segundo Américo Angélico, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo e amigo de Temer desde a época em que ainda estudavam Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Para entrar no estabelecimento sem ser visto, o político passa por um corredor estreito e pela cozinha até chegar a um ambiente cercado de paredes com isolamento de som e teto retrátil. Do cardápio, costuma pedir o bacalhau desfiado e mexido com batatas, presunto cru e ovos, na companhia da mulher, Marcela Temer, ou de aliados do partido.
■ La Tambouille: fundado por Giancarlo Bolla, a casa de menu variado é uma parada frequente de Temer nas visitas à cidade. O endereço é colado ao escritório do advogado José Yunes, amigo próximo do presidente interino. “Almoçamos juntos normalmente às segundas e sextas”, relata Yunes. As idas ao restaurante acontecem também com outros colegas, como o promotor Roberto Porto: “Ele gosta de ambientes familiares”.
■ Senzala: distante cerca de 950 metros da casa de Michel Temer, este endereço de cozinha variada é uma opção rotineira quando o pemedebista vem à metrópole. “A frequência era maior quando ele era deputado, depois que virou vice as visitas ficaram mais espaçadas”, comenta o gerente Antônio Daniel de Carvalho. “Uma vez um rapaz começou a soltar xingamentos, mas ele não revidou. Se fosse uma pessoa desequilibrada, teria rolado uma confusão”, diz Daniel sobre a interação do político com os outros clientes. Para comer, Temer costuma pedir filé de linguado bem fininho com espinafre sem tempero nenhum, enquanto Marcela pede meio frango desossado mais legumes ou purê de batata.
■ Jassa Hair Studio: o presidente interino é cliente do cabeleireiro José Jacenildo dos Santos, que mantém um salão no Jardim Paulista, há pelo menos trinta anos e atende diversas personalidades, entre elas o apresentador Silvio Santos. Sua última visita foi no final de abril. O corte no local sai a 230 reais, e Temer costuma também fazer as unhas (45 reais). “É um cliente como outro qualquer. Respeitamos muito a privacidade dele. Sempre que pode, ele vem ao salão, corta os cabelos, circula por aqui normalmente, junto aos demais de nossos clientes”, contou Robson Jassa, filho do cabeleireiro.
■ Shiatsu Luiza Sato: na rua Joaquim Antunes, em Pinheiros, a clínica de massagens terapêuticas tem em seu quadro de funcionários o chinês Wang Rong. É ele o responsável por tentar tirar a tensão do presidente em exercício. “Temer é meu cliente há quinze anos”, comenta o massagista. “Trabalhamos suas dores de cabeça e na coluna.” Cada sessão no endereço sai a 190 reais (uma hora), mas, em casa, o preço é outro. “Não posso abrir o valor que cobro quando vou à casa dele, no Alto de Pinheiros”, justifica Rong. “Mas ele me liga quando está na cidade e marcamos. Não há uma frequência.” Luiza Sato, especialista que dá nome à rede, também tinha o político em sua lista de clientes. Ela faleceu em setembro de 2009.