Samba-enredo: “Orun Aiyê”, da Vai-Vai, fez tremer as arquibancadas
A letra escrita por Osvaldinho da Cuíca e Serginho Raro consagrou a escola como campeã do Carnaval de 1982
Entoados com toda a força por Aldo Bueno, os 24 versos do samba-enredo “Orun Aiyê — O Eterno Amanhecer” consagraram a Vai-Vai como campeã do Carnaval de 1982. Durante sessenta minutos, a música acelerou os foliões vestidos com figurinos nas cores oficiais da escola, o preto e o branco, e fez tremer as arquibancadas armadas na Avenida Tiradentes, no centro. Na letra, escrita por Osvaldinho da Cuíca e Serginho Raro, são exaltados elementos da cultura afro-brasileira, principalmente do candomblé. Orun seria o espaço sagrado onde vivem os orixás, e Aiyê, os homens. “Fiz um show no Centro Cultural São Paulo nos anos 80, cantei “Orun Aiyê” e a casa veio abaixo”, lembra a sambista Leci Brandão. Fundada em 1930, a Vai-Vai ostenta treze títulos em sua prateleira. Os especialistas ouvidos por VEJA SÃO PAULO destacaram mais duas músicas da agremiação, uma de 1971, sobre a independência do Brasil, e outra de 1988, em homenagem a Jorge Amado. “Hoje os sambas-enredo estão muito iguais. Antigamente tinham mais poesia”, afirma a escritora Maria Apparecida Urbano, que acompanha o Carnaval paulistano há 36 anos.
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VERSOS CAMPEÕES
(…) É Orun, Orun Aiyê
É Orun o eterno amanhecer
(…) E lá do alto quando o sol
brilhou
Eu avistei a pedreira de
Xangô
(…) Olorum
Canta meu povo em
harmonia
Olorum
Vai-Vai na apoteose da
alegria
VOTARAM
• Evaristo de Carvalho, locutor do programa “Rede Nacional do Samba”
• Leci Brandão, sambista e deputada estadual
• Maria Apparecida Urbano, autora de “Carnaval & Samba em Evolução na Cidade de São Paulo”
• Osvaldinho da Cuíca, compositor e sambista
• Robson de Oliveira, ex-presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo