A orquestra começa a tocar e os cantores eruditos soltam a voz. O público aplaude. Cenas assim, antes vistas apenas em palcos de teatro e casas de espetáculos, atualmente podem ser conferidas no escurinho do cinema — ao vivo. Neste sábado (26), por exemplo, treze salas exibirão a ópera “Ifigênia em Tauris”, do Metropolitan de Nova York. Shows de rock e apresentações de balé também disputam o público com dramas, comédias e filmes de terror. No domingo (6), os fãs poderão conferir os pas de bourrée, pliés e piruetas de “Don Quixote”, do Balé Bolshoi, em Moscou.
“A programação estourou quando o produtor Peter Gelb assumiu a direção-geral do Metropolitan”, conta Fábio Lima, sócio da distribuidora Mobz, responsável pela entrada de atrações como essas no país. “Ele queria rejuvenescer a plateia das óperas e apostou no cinema.” Foi o diretor Fernando Meirelles que arranjou o contato entre Lima e Gelb. A primeira ópera exibida em cinemas no Brasil foi “La Rondine”, em fevereiro de 2009. A apresentação, no entanto, era gravada, já que na época as salas não possuíam tecnologia para transmitir esse tipo de evento ao vivo. A estreia das exibições simultâneas só se deu em maio do ano passado, com “Armida”, de Rossini. Até 22 de junho, as sessões eram apenas para convidados. Naquele dia, 2.182 pessoas encheram sete salas do país para ver o show “The Big Four”, que reuniu na Bulgária as bandas Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax.
A próxima estrela da música a chegar às telas será o grupo irlandês U2. Com ingressos a 30 reais, a turnê “Vertigo”, de 2008, terá três shows exibidos nos dias 25, 26 e 27 de março. Para que a experiência seja o mais próximo de estar em um estádio, é permitido transitar por entre as cadeiras, as luzes ficam semiacesas e ainda há um bar onde se pode comprar água, guloseimas e, em algumas salas, cerveja. “As pessoas não estarão indo assistir a um DVD, mas a um evento”, acredita Lima. “O cinema se transforma em uma microarena multimídia.” E vem mais novidade por aí. Nos dias 12, 13, 15 e 20 de março estará em cartaz, com exclusividade na rede Cinemark, a primeira ópera em 3D — “Carmen”, de Georges Bizet.