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OLÁ,

“O Minhocão pode se transformar em uma gentileza para São Paulo”

Co-fundador do High Line de Nova York vem a São Paulo para falar sobre urbanização e desenvolvimento

Por Juliana Deodoro
Atualizado em 5 dez 2016, 15h38 - Publicado em 24 set 2013, 14h18

Em 1999, durante uma reunião de bairro, os americanos Robert Hammond e Joshua David se conheceram e descobriram que ambos eram contra a demolição da estrura elevada abandonada vizinha a suas casas. Juntos, decidiram criar uma associação e um projeto de revitalização daquele lugar. Quatorze anos depois, o High Line Park se tornou uma das principais atrações de Nova York. Convidados pelo fórum Arq. Futuro, os fundadores do High Line estarão em São Paulo nesta quinta-feira (26), onde irão conversar sobre as possibilidades das transformações urbanísticas. Confira a entrevista que Robert Hammond concedeu à VEJASÃOPAULO.COM.

Cinco anos após a abertura da High Line, o que você acredita ter sido fundamental para o projeto se tornar uma realidade?

A coisa mais importante foi Josh [Joshua David , cofundador da High Line] e eu apenas começando o projeto. Nós não tínhamos nenhuma experiência ou dinheiro, por isso, tivemos de contar com a ajuda de outras pessoas que tinham essa experiência. Nós recebemos muito crédito, mas tivemos o aconselhamento de design, política, captação de recursos, planejamento urbano, e foi isso que fez o projeto ir para frente.

Como o High Line mudou a relação das pessoas com a cidade?

As pessoas realmente dão as mãos no High Line, algo que não se vê em qualquer lugar na cidade. É realmente uma prova de como o espaço público pode mudar a maneira como as pessoas interagem. O High Line também dá às pessoas uma perspectiva diferente da cidade. Em vez de ser imerso na natureza como no Central Park, o High Line não esconde o fato de que ele está integrado dentro da cidade. Ele dá este ponto de vista único de estar na cidade e, ao mesmo tempo,  vê-la de cima.

Você acredita que o projeto pode inspirar outras ações semelhantes em diferentes partes do mundo?

Nós recebemos com frequência pedidos de pequenos grupos comunitários à procura de conselhos para seus projetos. O que é interessante é que esses projetos não são apenas parques elevados. As pessoas olham em torno de seus próprios bairros para ver o que querem mudar. Queremos inspirar estes grupos para que saibam que não é necessário ter dinheiro ou experiência para mudar as cidades.

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O que deve e o que não deve ser replicado do High Line?

A coisa mais importante a ser replicada é a ideia de fazer o impossível. Quando começamos, muitos nos disseram que isso nunca iria acontecer. Espero que as pessoas consigam replicar a ideia de sonhar grande, e que ideias malucas podem realmente acontecer em cidades complicadas. Não é interessante, no entanto, quando estão apenas tentando replicar o projeto do High Line. As pessoas devem fazer projetos que falam de suas próprias comunidades e do contexto em que estão inseridas.

Você acredita que o Minhocão pode se transformar na High Line?

O Minhocão tem seu próprio potencial para se transformar em uma gentileza para o povo de São Paulo – seja se abrindo para os ciclistas ou como um espaço verde no futuro. Mas isso realmente depende do que os moradores desejam. Um projeto como esse deve vir da comunidade e suas necessidades. O que está faltando no Minhocão que as pessoas estão procurando? Faz sentido construir um parque ou mudar o que acontece ali? O que as pessoas querem fazer?

Que dicas você daria para os criadores da Associação Parque Minhocão?

O conselho mais importante é apenas começar algo. Você não precisa ter experiência, plano definitivo ou dinheiro – nós não tínhamos nada disso quando começamos o High Line. Essa é a magia dele – basta iniciá-lo. Isso obriga você a ser criativo e procurar outros que têm as habilidades necessárias para se reunirem torno do projeto. A segunda coisa é que a captação de recursos é importante. A maioria das pessoas quer que o governo ou um indivíduo rico pague por tudo. Mas é importante para criar uma rede de financiamento que ajudará a criar um senso de comunidade. Não importa se as pessoas contribuírem com 5 ou 5 000 reais – elas vão investir no projeto, o que cria uma base maior de apoio.

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