Vereador em segundo mandato, o empresário Ricardo Luis Reis Nunes, 52, vice de Bruno Covas, é o único candidato a vice-prefeito sem curso superior. “Fiz Direito na FMU, mas como na época tive dificuldades para pagar, não consegui concluir”, justifica. Na Câmara ganhou notoriedade (e inimigos) ao presidir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sonegação Tributária, responsável por multas bilionárias a grandes bancos. Nas últimas semanas, precisou se explicar sobre denúncias de favorecimento a ONG da Zona Sul.
A escolha do seu nome, além da composição com o MDB, passa pelo seu perfil conservador. Em 2015, o senhor subiu em caminhão para defender a família e dizer não à ideologia de gênero.
Me rotularam com essa questão. Sou católico praticante e uma pessoa de centro. Dialogo com todos. Sobre 2015, minha opinião é a mesma: tem que focar na educação, na preparação para o mercado. Na época, o Plano Municipal de Educação foi aprovado inclusive pela bancada do PT.
O senhor é investigado pelo Ministério Público por um suposto favorecimento a uma ONG da qual fez parte. O que ocorreu?
A denúncia anônima, feita na época da CPI da Sonegação, diz que eu aprovei duas leis de isenção fiscal para beneficiar a Sobei, uma entidade da qual eu participo há vinte anos. As leis realmente foram criadas, mas a ONG, por ter imunidade tributária, não precisava ser contemplada pela legislação.
Acumulou muitos inimigos durante a CPI?
Porra, demais! Mas são inimigos da cidade, não meus. Teve banco que me representou, fez boletim de ocorrência. Mas não tenho medo.
Qual sua avaliação sobre a flexibilização da Lei Cidade Limpa, em trâmite na Câmara?
A lei foi boa para a cidade. Se fizer uma flexibilização pontual, sou a favor, mas desde que não atrapalhe a cidade. Sou a favor de um Projeto de Lei, em tramitação, que permite publicidade em ônibus, com recurso destinado ao transporte. Não tem estudo de resultado financeiro, mas a estimativa é de uma arrecadação de 1 bilhão de reais por ano.
Embora a saúde do prefeito Bruno Covas esteja boa, o senhor estaria pronto para assumir o comando da cidade, em caso de vitória, claro, e em um eventual afastamento dele?
Isso é algo que está descartado. O Bruno está super bem. Tivemos uma ampla agenda no último fim de semana. A saúde dele é fantástica. Não vejo possibilidade de assumir a prefeitura nos próximos quatro anos.
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Por que a Câmara não colocou para andar nenhuma operação urbana nos últimos anos, como a da Vila Leopoldina?
Tem algumas que travam. A da Água Branca, por exemplo, parou porque o Ministério Público quer primeiro as HIS (habitação de interesse social). Tem muita situação que para nos órgãos fiscalizadores. Na Vila Leopoldina, há dois movimentos fortes. Um quer e outro não quer (prédios populares em áreas nobres). Há debate também pelo custo da outorga. Um setor diz que o valor é muito baixo. E tem também a questão da contaminação de um terreno. O debate não está maduro. Uma vez votado, não tem como voltar atrás. O debate é importante para ter amadurecimento.
A Justiça Eleitoral rejeitou suas contas da campanha para deputado federal em 2018. O que houve?
Não, foram aprovadas.
Foram rejeitadas por causa de gastos de 4.500 reais não justificados e o senhor teve que fazer o pagamento judicial.
Meu advogado cuida disso e me comunicou o apontamento. Isso ocorre em 98% das campanhas. Não me recordo especificamente desse caso. É natural numa campanha, você está sujeito a cometer alguma falha. Se identificaram isso, tem que parabenizá-los e precisamos corrigir. Não é nada relevante.
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Publicado em VEJA São Paulo de 7 de outubro de 2020, edição nº 2707.