Ao lado de Hélio Oiticica e da xará Lygia Clark, a fluminense Lygia Pape (1927-2004) costuma ser considerada pela crítica o nome mais influente da arte brasileira no cenário internacional. Uma prova disso está em “Espaço Imantado”, em cartaz na Estação Pinacoteca a partir de sábado (17). Idealizada pelo Museu Reina Sofia, de Madri, a retrospectiva é assinada por dois de seus funcionários, Manuel Borja-Villel e Teresa Velázquez — eles dividem a organização com o Projeto Lygia Pape, do Rio de Janeiro. A mostra passou também pela Serpentine Gallery, de Londres. Estão reunidos 200 trabalhos, entre pinturas, relevos, gravuras, colagens, poemas, cartazes e ações performáticas registradas em vídeos e fotografias.
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Lygia iniciou a produção ao integrar em 1954 o Grupo Frente, capitaneado por Ivan Serpa e partidário do concretismo. São dessa época algumas telas e xilos de inflexão geométrica realizadas sobre papel japonês e de inspiração oriental. Logo depois, a artista deu o passo mais importante da carreira ao assinar o “Manifesto Neoconcreto”, em março de 1959. Nesse momento, passou a se dedicar ao esforço de interagir com o espectador, tridimensionalizar as obras e criá-las repletas de ironia e com caráter experimental. É o caso de “Caixa de Baratas”, uma coleção de insetos mortos disposta em série em um recipiente de acrílico e exibida à maneira de um estudo científico, ao mesmo tempo uma crítica ao regime militar e ao conservadorismo dos museus.
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Outro experimento bem-sucedido é a performance Divisor, na qual um grupo de pessoas coloca a cabeça em buracos feitos num tecido enorme. Exposta na Bienal de Veneza em 2009, a instalação “Tteia I”, composta de fios de ouro, não foi deixada de fora da montagem.