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OLÁ,

Reformas e mudanças geram confusão no Ceagesp

Mudanças no trânsito interno e buzinaços irritam os frequentadores do local

Por Nathalia Zaccaro
Atualizado em 5 dez 2016, 15h28 - Publicado em 8 nov 2013, 17h37
protestos no ceagesp 2012
protestos no ceagesp 2012 (Lalo de Almeida/Folhapress/)
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Em 1969, quando parte dos feirantesque trabalhavam no Mercadão, no centro da cidade, foi convocada a se mudar para um espaço recém-construído como o maior posto de abastecimento de frutas e verduras da América Latina, a insatisfação era geral. Eles achavam que o endereço distante, na Vila Leopoldina, faria desaparecer sua clientela. Além disso os 700 000 metros quadrados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), para onde eles foram realocados, pareciam um exagero.

Hoje, 44 anos depois, não sobra espaço para nada no local, visitado por 1,5 milhão de pessoas mensalmente.Enquanto os 10 000 veículos que circulam ali todos os dias, entre carros e caminhões, se espremem pelas vias internas, as quase 3 000 bancas de frutas,verduras e demais itens amontoam seus produtos. Dadas as proporções desse gigante, que funciona 24 horas diárias de domingo a domingo, nenhuma grande reforma para a implantaçãode melhorias poderia ser fácil.

É o que está ocorrendo agora. Os transtornos das obras, iniciadas em outubro de 2011 e que têm o objetivode dar fluidez ao trânsito e reparar o pavilhão central, tornaram-se um abacaxi nas mãos dos gestores. Grande parte da pressão vem dos próprios lojistas. A recauchutagem do pavilhão, orçada em 12 milhões de reais e que inclui o consertode rachaduras e a troca de piso, por exemplo, deveria acabar neste ano,mas ficou para 2014.

As mudanças para o trânsito de veículos,porém, são o principal alvo das críticas. Em setembro, a Companhia de Concessõesem Circulação Veicular (C3V),empresa que tem a missão de organizar ofluxo, alterou o sentido de seis ruasinternas e as estreitou, alargando as calçadas, com o objetivo de que os automóveis seguissem em uma espécie de “fila indiana”, sem as ultrapassagens que embolam o trajeto.

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O Sindicato do Comércio Atacadista de Flores e Plantas (Sincomflores) afirma que a intervenção inflou de uma para três horas a demora média da passagem dos caminhões pelo espaço. A C3V não confirma esse cálculo,mas em três semanas decidiu destruir o passeio que afunilava o asfalto. “Percebemos que não funcionaria e fomos rápidos para voltar atrás”, pondera o presidente da companhia, Roberto Meira.

 

“É difícil reformar uma casa com a família morando nela.” Bruno Jungo, vice-presidente da Associação dos Permissionários do Entreposto de São Paulo (Apesp), reclama: “Desde o início, advertimos que a ideia seria desastrosa”. As filas de caminhões em frente aos portões resultam na irritação de seus condutores e, como consequência, em buzinadas intensas pela madrugada.

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“Em alguns apartamentos, é simplesmente impossível dormir”, diz a advogada Andrea Sucupira, síndica do condomínio Vila Nova Leopoldina II, instaladoa cerca de 500 metros dali. Adireção da Ceagesp lava as mãos dizendo que, como o problema acontecedo lado de fora de suas dependências, a responsabilidade é dos órgãos competentes. A CET, por sua vez, informa que fiscaliza a prática de buzinar sem necessidade, além de outras infrações.

Só de agosto a outubro deste ano, 154 veículos foram removidos por estar estacionados de maneira irregular. Uma medida que pode trazer um alívio ao congestionamento é justamente uma das mais controversas. O último passo das obras, em fevereiro de 2014, será a instalação de um pedágio para circulação interna, com preço que varia de 3,70 a 6 reais. “O espaço acaba virando estacionamento gratuito para o motorista poder se locomover a vários pontos da região”, reforça Meira, o presidente da C3V. “Acobrança deve diminuir em 20% o número de automóveis que ocupam o pátio diariamente.”

Para os feirantes, a medida vai afastar os compradores e impactar os preços dos produtos. Em março do ano passado, centenas de pessoas lotaram a Avenida Doutor Gastão Vidigal para protestar. Meira, porém, afirma que, além do maior controle do tráfego, a tarifação custeará, por exemplo, a manutenção das 320 câmeras de monitoramento, que servirão não só para acompanhar o fluxo de veículos, mas como agente inibidor de furtos. Também é esse dinheiro que vai remunerar a empresa contratada para as melhorias, com previsão de faturamento de 140 milhões de reais em oito anos de contrato. 

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As encrencas do sacolão

Quais são as questões mais controversas

› Mudanças no trânsito: em setembro, seis vias internas tiveram o sentido alterado e foram estreitadas. O objetivo era controlar melhor a circulação, com os veículos em “fila indiana”. A ideia só aumentou a lentidão e, apesar de as vias terem voltado para a largura normal, a circulação continua confusa.

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› Barulho: as filas mais longas de veículos resultam em buzinas soando a noite toda, o que tira o sono da vizinhança na Vila Leopoldina.

› Obra atrasada: a reforma do pavilhão principal, que deveria ter sido concluída no início do ano, avança lentamente. A empreiteira promete a entrega para o começo de 2014. Até lá, vai continuar o acúmulo de entulho na área, o que irrita vendedores.

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