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OLÁ,

Quem são os jovens promissores na pintura, gravura e escultura

Ouvimos artistas, críticos e galeristas para chegar aos próximos nomes paulistanos

Por Jonas Lopes
Atualizado em 5 dez 2016, 19h31 - Publicado em 18 set 2009, 20h27

Fabrício Lopez, 32 anos

Preço estimado das obras: de 2?000 a 6 000 reais

No início do século XX, o bairro do Valongo, em Santos, era um dos centros de distribuição cafeeira nacional. Hoje bastante degradada, a região serve de influência para a obra de Fabrício Lopez. Em suas xilogravuras de grande porte, ele resgata os barcos e casarões abandonados do local – um deles, por sinal, funciona como seu ateliê. “Embora eu more em São Paulo, é impossível ignorar a importância do Valongo na minha obra.” O bairro dá título à exposição de Lopez na Estação Pinacoteca. “Vínhamos acompanhando fazia algum tempo o trabalho dele e já temos uma de suas obras no nosso acervo”, diz o curador-chefe da Pinacoteca, Ivo Mesquita. Curador da mostra, o artista plástico Claudio Mubarac acredita que Lopez está alinhado com a tradição brasileira da gravura. “Apesar das diferenças estéticas, ele é herdeiro, por exemplo, de Maria Bonomi, por também refletir o conceito de arte pública.”

Rodolpho Parigi, 31 anos

Preço estimado das obras: de 5 000 a 40 000 reais

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“Tento exorcizar o caos de São Paulo, encarar essa coisa maluca, antropofágica e barulhenta.” Com esse discurso, o pintor Rodolpho Parigi procura explicar as explosões de cores em suas telas. Segundo o crítico Fernando Oliva, seu trabalho reflete os formatos e os produtos da indústria cultural de massa. “Ele vai do videoclipe ao anime japonês, passando por Madonna e o trash da década de 80”, afirma Oliva. O resultado de tal mistura impressionou colecionadores como os banqueiros Alfredo Setubal, do Itaú-Unibanco, e José Olympio Pereira, do Credit Suisse. “Temos uma lista de espera de quinze pessoas, tanto do Brasil quanto do exterior, por suas obras”, conta Nara Roesler, cuja galeria representa o artista. Parigi, que começou a pintar há seis anos, diz que ignora as pressões de mercado. “Meu ritmo de trabalho é instável e isso não vai mudar agora”, diz ele. A primeira individual de sua carreira, Concrete Blonde, que esteve em cartaz entre fevereiro e março, foi produzida em dois meses. “Não tinha nada para mostrar, porque havia vendido tudo.” Ele mergulhou, então, no barulho de seu ateliê, situado numa rua movimentada de Santa Cecília, e só saiu dali com a exposição pronta. “De madrugada, ia comer no boteco tão imundo de tinta que ninguém chegava perto”, lembra. Na semana passada, Parigi recebeu a notícia de que ganhou uma bolsa de estudos para fazer uma residência artística na Cité des Arts, distrito parisiense famoso por abrigar centenas de ateliês. Ficará por lá entre agosto deste ano e janeiro de 2010.

Tatiana Blass, 29 anos

Preço estimado das obras: de 2 000 a 10 000 reais

Ainda criança, Tatiana Blass gastou a primeira mesada inteira na papelaria. “Eu queria ser vendedora ali, viver rodeada de pincéis e papel”, lembra. Poucos anos depois, a menina, que passeava pela Bienal de Artes com o avô, misturava palha de aço com vela e tentava transformar aquilo em arte. Tatiana vive rodeada de pincéis e continua fazendo experimentações incomuns. Um de seus trabalhos mais conhecidos, Cerco, traz um faisão taxidermizado preso a uma estrutura de latão. “É como se estivesse impedido de levantar voo”, explica. No ano passado, a obra foi parar em um museu da cidade de Colônia, na Alemanha. Suas instalações e esculturas causam impacto pela surpresa. Uma delas, por exemplo, traz patas de um cavalo – o corpo do animal é apenas sugerido. Em Zona Morta, todos os móveis de um quarto estão divididos ao meio. “Tento buscar uma presença no vazio”, diz. Tatiana também se dedica à pintura. “A suavidade com que ela transita entre os meios me chama a atenção”, comenta Fábio Miguez, membro do grupo da Casa 7, surgido na década de 80 e influência declarada da artista. “Ela consegue criar uma conversa entre os gêneros”, acredita outro expoente daquela turma, Nuno Ramos.

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Rodrigo Bivar, 27 anos

Preço estimado das obras: de 2 000 a 10 000 reais

Quando entrou no curso de artes plásticas da Faap, Rodrigo Bivar arriscou lidar com abstração. Não deu muito certo. “Eu partia do nada para chegar a lugar nenhum”, admite. “Só consigo trabalhar se tiver um norte.” Bivar encontrou seu caminho não apenas na figuração, mas em uma das maneiras mais antigas de pintar: o retrato – de pessoas e animais. “Dou uma tela por terminada quando consigo captar o espírito do modelo.” Paulo Pasta, experiente artista de quem Bivar foi aluno e assistente, ressalta o que chama de “teimosia” do discípulo. “Ele desmente o mito tão difundido hoje em dia de que jovem não pinta mais”, diz. A preferência pelos ângulos incomuns ao retratar personagens atraiu o galerista André Millan. “Bivar tem como referência apenas a arte”, analisa. “Não vai fazer uma performance ou uma instalação só para agradar ao mercado.” Em agosto, sua galeria exibe a primeira individual do jovem talento. “Uma exposição à moda antiga, como pede o estilo de produção dele”, afirma Millan.

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Manu Maltez, 31 anos

Preço estimado das obras: de 800 a 5 000 reais

No seu ateliê em Perdizes, Manu Maltez se divide entre a mesa de desenho e o baixo acústico, sua outra paixão. Além de desenhista e gravurista, ele é líder do grupo Cardume, que combina influências díspares como Stravinsky e Paulinho da Viola. “Ele tem um talento quase renascentista”, acredita o crítico e curador Jacob Klintowitz. “Ninguém na Itália daquela época ligava para o fato de o Leonardo da Vinci ser engenheiro, matemático e pintor ao mesmo tempo.” Descontado qualquer exagero na comparação, para Maltez as diversas linguagens se complementam. Tanto que, em uma instalação sua, atualmente em cartaz no Sesc Interlagos, caixas de som colocadas ao lado de enormes painéis transmitem sons que ele criou. A literatura também é importante: ele recentemente ilustrou um livro do pernambucano Marcelino Freire, Rasif – Mar que Arrebenta. Entre seus projetos futuros está um audiolivro baseado na lenda de Fausto, com texto, desenhos e trilha sonora de sua autoria.

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Luciana Maas, 24 anos

Preço estimado das obras: de 1 500 a 3 000 reais

Pessoas conversando, casais que se encontram furtivamente na rua, crianças deixando a escola: cenas do cotidiano urbano de uma grande metrópole estão sempre presentes nas telas de Luciana Maas. Nessas obras, influenciadas pelo impressionismo de Monet, a cidade aparece encoberta por uma névoa poética. “Ao pintar essas cenas, elas se eternizam, tornam-se atemporais”, afirma Luciana. Os rostos sem expressão dos personagens espelham a personalidade da artista, tímida e introvertida. “Minha obra nasce de questionamentos internos”, diz ela. Luciana acaba de encerrar sua primeira individual, no Espaço Cultural Citi. Começou a pintar aos 13 anos. Embora tenha frequentado os ateliês de Osmar Pinheiro, Antonio Peticov e Sergio Fingermann, preferiu estudar arquitetura a fazer uma faculdade de artes plásticas. Para o crítico Jacob Klintowitz, curador de sua mostra, a escolha foi acertada. “A formação variada estimulou bastante a intuição dela”, diz ele. “A Luciana funciona a partir da sensibilidade, não obedece a padrões.”

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