Quando Abdo Habib Barakat, 27 anos, encosta seu Maserati 4 200 GT vermelho na entrada da Pacha, é uma alegria danada. Não pelo jeito boa-praça dele – e olha que o rapaz é bastante simpático – nem pelo carrão de 300 000 reais. Pesa, sobretudo, o fato de o empresário, dono de uma rede de lojas de móveis, nunca desembolsar menos de 1 500 reais em cada ida ao local. Graças à cifra, tem status de vip, lógico. Nunca pega fila, recebe paparicos da equipe do clube e tem sempre lugar garantido, literalmente, no paraíso. É que se chama El Cielo (o céu, em espanhol) o camarote da boate, na Vila Leopoldina, onde ele costuma bancar a diversão de quem o acompanha. Foi assim na quarta-feira 10, quando torrou 1.700 reais em bebida para dois amigos e sete mulheres com quem desfilavam. “Estava com uma namoradinha, daí paguei a comanda dela e as de suas amigas”, conta Barakat, integrante de um grupo sempre recebido com tapete vermelho nas casas noturnas paulistanas: os marajás da balada. Barakat sai quatro vezes por semana e gasta, num cálculo aproximado, 24.000 reais mensais só em bebida, energético e afins. “Já cheguei a deixar 7.000 reais numa festa.”
Tudo bem, sair à noite em São Paulo não custa pouco para ninguém – mas nada se compara ao que essa turma gasta. Na Pacha, só para entrar e sorrir, o investimento é de 40 reais para mulheres, valor que dobra no caso dos homens. Quem aspira ao posto de vip, e não é famoso, precisa colocar a mão no bolso. Em geral, as casas possuem um cadastro especial do qual fazem parte os clientes que deixam no caixa mais de 1.000 reais por noite (veja o quadro abaixo). Consta nessas listas o nome do empresário Thiago Francki, 27 anos, habitué de outro reduto dos notívagos abonados e pródigos, o Museum Dining Art, endereço moderninho no Brooklin. Francki freqüenta as top baladas de três a quatro vezes por semana (outros points são o Royal, no centro, o Cafe de la Musique e a Disco, ambos no Itaim). Sempre gasta cerca de 1.500 reais. “Bebo, no máximo, dois drinques”, garante. “Mas gosto de bancar a mulherada.”
Isso talvez explique por que, apesar de em muitos casos não serem lá nenhum James Bond, eles jamais circulem sem uma beldade a tiracolo. Mais ou menos como o cobiçado Roberto Balcker, 32 anos, proprietário de uma construtora nos Estados Unidos. Que, vá lá, até é bonitão. Mas não a ponto de ser conhecido como “o Ben Affleck do Museum”, seu apelido no restaurante. Em geral, gasta 3.000 reais por noite. “Alguns caras pagam a conta da galera porque fica mais fácil conquistar as moças”, afirma Maurício Neves, mais conhecido como Mané, promotor de eventos dedicado exclusivamente a encher os clubes de alto padrão com gente idem. “Minha agenda tem 2.200 homens ricos, mulheres de pura beleza e celebridades”, diz. Entre os que ele destaca – cheio de dedos, para não perder a freguesia – há sobrenomes famosos como Safra, Ermírio de Moraes e Schahin. “Trabalho com gente que gosta de ir para a balada de helicóptero.”
Quanto custa ser vip?
Os preços que as casas noturnas paulistanas
de primeiro time cobram por um camarote
• Cafe de la Musique
3 000 reais para dez pessoas ou 7 500 reais para quinze a trinta pessoas
• Club Hotel
1 500 reais, seis pessoas, com direito a duas garrafas de vodca premium, uísque 12 anos ou champanhe
• Disco
1 800 reais, oito pessoas, com quatro garrafas de uísque 8 anos, vodca premium ou champanhe francês
• Museum
Não tem camarote
• Pacha
De 1 800 a 5 000 reais, dez pessoas, com uma garrafa de champanhe, outra de vodca premium, seis energéticos e água
• Royal
1 750 reais, dez pessoas, com uma garrafa de uísque 15 anos e outra de vodca