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OLÁ,

PUC é ocupada por alunos e tem aulas suspensas

Estudantes da graduação fecharam acessos da universidade. Eles reivindicam a contratação de uma professora substituta negra

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 23 Maio 2018, 13h02 - Publicado em 23 Maio 2018, 12h35
Barricada bloqueia entrada no campus Monte Alegre pela Rua Ministro Godói (Guilherme Queiroz/Veja SP)
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As aulas estão suspensas no campus Monte Alegre da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, localizado em Perdizes. O local foi ocupado por alunos da instituição. Até terça-feira (22) apenas um dos edifícios da universidade, o Cardeal Mota, estava fechado. Mas na madrugada dessa quarta-feira o outro prédio, o Reitor Bandeira de Mello, também foi trancado pelos estudantes. A ação começou na segunda-feira.

Liderado pelo Centro Acadêmico de Serviço Social, o movimento reivindica a contratação efetiva de uma professora negra da Faculdade de Serviço Social. Marcia Eurico, a docente em questão, esta substituindo outro educador que se encontra de licença médica. O movimento #MARCIAFICA começou em maio desse ano, tendo em pauta a falta de educadores negros na PUC, e ganhou força na comunidade acadêmica.

Um abaixo-assinado foi organizado por docentes da instituição, mostrando apoio aos alunos: “Nós profissionais, docentes e pesquisadoras (es) da área de Serviço Social e de outras áreas afins, vimos por meio deste nos solidarizar e apoiar o movimento #MARCIAFICA… a trajetória da professora Marcia Campos Eurico, é pública e notória. Professora universitária na faculdade de Serviço Social, há 12 anos, tem experiência tanto no campo acadêmico como nos espaços sócio ocupacionais, tais como Saúde, Atendimento as pessoas vivendo com HIV, e na área de previdência social.”

Na manhã dessa quarta-feira, houveram momentos de tensão entre membros da ocupação e alunos que não apoiam o movimento. Estudantes tentavam furar as barricadas e acessar o interior dos edifícios, muitos reclamavam que teriam provas e entrega de trabalhos. Em um dos momentos mais tensos, um universitário tentou passar pelas barreiras com uma barra de ferro.

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Aluno andando pelo campus Monte Alegre com uma barra de ferro após tentar passar por uma das barricadas (Guilherme Queiroz/Veja SP)
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Em nota, a reitoria da universidade disse reconhecer a relevância das demandas dos alunos de Serviço Social, e que vem adotando ações para a inclusão da comunidade negra na instituição: Reconhecendo a necessidade de diversificação e mudança do perfil do quadro docente da Universidade, está em elaboração uma política de cotas étnico-raciais para a contratação de docentes, a ser amplamente discutida pela comunidade, ainda neste ano, e aprovada nas instâncias colegiadas.”

No entanto ressaltou a necessidade da volta das atividades no campus: “A Reitoria reafirma sua disposição em manter o diálogo com os estudantes acerca de suas demandas e reitera a necessidade de que a Universidade retome seu funcionamento normal, uma vez que questões estruturais relativas ao tema continuarão sendo tratadas e implementadas em âmbito institucional.”

Outros centros acadêmicos mostraram apoio à ocupação. Além dos estudantes de serviço social, alunos de cursos como história e psicologia também estão permanecendo dentro dos edifícios.

Confira a nota da PUC na íntegra:

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“Nota da Reitoria sobre reivindicação dos alunos do curso de Serviço Social.

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A Reitoria da PUC-SP vem manifestar o seu reconhecimento da relevância das demandas dos alunos do curso de Serviço Social, que incorporam questões acerca da temática racial na Universidade. 
Nesse sentido, em conjunto com os Coletivos da Universidade, tem estabelecido uma agenda de ações concretas relacionadas a essa temática, que envolvem a participação da comunidade universitária, da Reitoria e da FUNDASP. Entre elas, destaca-se a implementação do Programa “Inclusão social: cotas étnico-raciais” para a concessão de bolsas de estudo na Pós-graduação stricto sensu, desde o 2º semestre de 2017. Esse Programa foi discutido e aprovado pelos órgãos colegiados da Universidade.
Além disso, vem realizando reuniões com o conjunto de representações do corpo discente para o estabelecimento de uma política de permanência dos estudantes na Universidade, iniciada com bolsas alimentação.
Em continuidade a essas ações, a Reitoria, com base no modelo utilizado na Pós-graduação, já elaborou proposta de política de bolsas de estudos, com critério de recorte racial, para alunos da graduação, cuja implantação está prevista para o 2º semestre de 2018.
Reconhecendo a necessidade de diversificação e mudança do perfil do quadro docente da Universidade, está em elaboração uma política de cotas étnico-raciais para a contratação de docentes, a ser amplamente discutida pela comunidade, ainda neste ano, e aprovada nas instâncias colegiadas.
Em relação à demanda específica de permanência da professora Marcia Eurico, no quadro docente do curso de Serviço Social, os Departamentos de Fundamentos do Serviço Social e de Política Social e Gestão Social responderam expressando sua posição. A Reitoria, preservando a autonomia dos Departamentos e da Faculdade de Ciências Sociais, tal como previsto no Estatuto da Universidade, acompanha as tratativas em curso entre os estudantes e aquela unidade acadêmica, com forte expectativa de que se chegue à melhor solução.
A Reitoria reafirma sua disposição em manter o diálogo com os estudantes acerca de suas demandas e reitera a necessidade de que a Universidade retome seu funcionamento normal, uma vez que questões estruturais relativas ao tema continuarão sendo tratadas e implementadas em âmbito institucional.

A Reitoria.”

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