A Polícia Federal prendeu em São Paulo os presidentes das construtoras Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, no início da manhã. As detenções fazem parte da 14ª fase da operação Lava-Jato, batizada de Erga Omnes, que acontece em quatro estados.
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Além de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, também foram detidos os executivos Márcio Faria, Rogério Araújo, Alexandrino Alencar e Cesar Ramos Rocha, todos da Odebrecht.
Marcelo Odebrecht estava em sua casa em São Paulo quando os policiais chegaram. Ele representa a terceira geração da família que comanda a construtora. O executivo foi acusado de ser um dos líderes do cartel de empresas que participavam do esquema de corrupção da Petrobras. O empresário foi citado pelo ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, em depoimento à Justiça, onde afirmou ter recebido dinheiro da Odebrecht. Buscas estão sendo organizadas na empreiteira e na casa do executivo pela Polícia Federal, que já confirmou a prisão preventiva dos executivos Márcio Faria e Rogério Araújo, também da construtora.
Aproximadamente 200 policiais trabalham na operação. Os oficiais cumprem oito mandados de prisão preventiva, quatro de prisão temporária, 38 de busca e apreensão e nove de condução coercitiva.
Segundo a Polícia Federal, quatro pessoas serão presas preventivamente em São Paulo, além de três no Rio de Janeiro e uma em Minas Gerais. Já os de prisão temporária são: dois em São Paulo e dois no Rio de Janeiro. Os mandados de condução coercitiva acontecem em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Já os de busca e apreensão acontecem em São Paulo, Jundiaí, Rio de Janeiro, porto Alegre e Belo Horizonte.
Ao todo, 11 nomes estão envolvidos em prisões, preventivas ou temporárias, nesta sexta-feira (19).
Preventivas:
Rogério Santos de Araújo
Márcio Faria da Silva
Marcelo Odebrecht
Otávio Marques
João Bernardes Filho
Temporárias:
Alexandrino Alencar
Antonia Campello de Souza
Flávio Souza Magalhães
Cristina Maria de Silva Jorge
Vão se apresentar à PF até o final do dia:
Elton Negrão
Paulo Roberto Dalmazzo
Todos os presos serão encaminhados para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba ainda nesta sexta (19).
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A Operação Lava-Jato investiga um mega esquema de corrupção que envolve a Petrobras. Em coletiva de imprensa realizada nesta manhã em Curitiba, o delegado Igor Romário de Paula afirmou que os detidos serão levados em um avião da PF e devem chegar por volta das 18h. “Há indícios bem concretos, com documentos, de que os presidentes das empresas tinham domínio completo de atos que levaram a formação de cartel e fraude em licitações, além de pagamento de propinas”, afirmou o investigador.
Além disso, foi citado o fato de que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez não realizaram investigações internas, o que representa uma prova de que as empresas estariam envolvidas no esquema de corrupção.
A investigação teve início em um posto de gasolina – razão para o nome das investigações – e foi deflagrada em março de 2014. O doleiro Alberto Youssef, de 47 anos, foi um dos primeiros a ser preso, depois do início das investigações. Antes dessa prisão, ele já havia ido para a cadeia nove vezes – incluindo por uma participação no caso Banestado, maior escândalo sobre remessas ilegais de dinheiro já investigado no país.
Assim como Youssef, outros acusados presos pela operação, como o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Roberto Costa, realizaram acordos de delação premiada. A partir disso, eles explicaram detalhes do esquema em troca de alívio das penas. Ao todo, já são 17 delatores do esquema.
Em novembro passado, a Polícia Federal início outra fase das investigações, em que grandes empreiteiras, como a Camargo Corrêa, OAS e Odebrechet passaram a ser investigadas por participarem do esquema de corrupção da empresa petrolífera.
O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de investigações contra cinquenta políticos. Ao todo, seis partidos são investigados: PT, PSDB, PMDB, PP, SD e PTB.