A Prefeitura de Porto Ferreira, cidade a 228 quilômetros da capital, cancelou o Carnaval deste ano para usar os recursos na compra de ambulâncias.
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Segundo a prefeita Renata Braga (PSDB), os custos para a organização do desfile oficial de blocos da cidade, que ocorre há 35 anos, foi estimado em torno de 120 000 reais. O valor contemplaria a implantação de banheiros químicos, contratação de seguranças e instrumentistas e confecção dos blocos, sendo que um dos dos mais tradicionais é o Boi, popularmente chamado de Boizão, que chega a reunir 9 000 pessoas.
Entretanto, esse dinheiro será usado para a compra de até três ambulâncias para o município de 54 000 habitantes. O próximo passo é a abertura de uma licitação.
“Foi com muita dor no coração que tomei essa decisão, mas a nossa prioridade é a saúde e os nossos veículos estão sucateados”, diz Renata. “O Carnaval dura cinco dias, já uma ambulância será usada por 365 dias. Porém, isso não impede os blocos de saírem às ruas [com a ajuda de verba de patrocinadores, por exemplo].” O governo municipal ajudará apenas no custeio de camisetas, estimado em cerca de 15 000 a 20 000 reais. “Não recebi críticas, a população sabe que estamos em crise financeira”, afirma.
De acordo com Marcelo Melara, responsável pelo Bloco do Boizão, que existe há 84 anos, a maioria dos carnavalescos apoiou a decisão. “Fizemos uma reunião com a prefeita, alguns ficaram chateados, mas a maioria entende a situação do município”, afirma. “Eu mesmo sou dentista no serviço público de saúde em meio período e não poderia ser contrário a isso”. O grupo agora está em busca de patrocinadores para viabilizar a saída do bloco neste ano.
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Segundo a prefeitura, o governo federal deixou de repassar 10 milhões de reais no ano passado e o município vem fazendo muitos cortes no orçamento. Em 2015, a tradicional Feira Industrial Ferreirense (Feife), que ocorre desde a década de 70, também foi cancelada pela primeira vez na cidade para que os recursos fossem usados na finalização da duplicação da Avenida Rudolf Street.
A edição de 2014 do evento, que reuniu shows, rodeios, parque de diversões, área de exposição empresarial e praça de alimentação, recebeu investimento de 400 000 reais.
“Trata-se da quarta maior feira do estado de São Paulo. Foi implantada pelo meu pai Dorival Braga, mas não tínhamos condição de fazer, pois precisávamos terminar as obra na via e a população apoiou”, diz Renata.
Após assinar um decreto, ela também fez cortes de custos na própria prefeitura, em relação a telefone, água e luz, o que proporcionou uma economia de 20%. Além disso, ela garante que cortará no futuro até 61 cargos, como de chefes de seção e assessores. “Esse vai ser um ano difícil, de muita responsabilidade e austeridade para terminar o governo certinho”, lamenta.