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Prefeitura quer limitar número de músicos na Avenida Paulista

Medida servirá para reduzir os atritos entre músicos e moradores e para organizar as apresentações, que muitas vezes se misturam

Por Estadão Conteúdo
26 jun 2018, 08h29
Prefeitura quer limitar número de músicos na Avenida Paulista (Reprodução / Google Street View/Veja SP)
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Com público cada vez maior, as apresentações de músicos na Avenida Paulista estão prestes a passar por nova regulamentação. A Prefeitura deve restringir o número de pontos na avenida em que os artistas podem se apresentar e pedir cadastramento prévio deles. A medida servirá para reduzir os atritos entre músicos e moradores e para organizar as apresentações, que muitas vezes se misturam.

“É uma demanda que vem deles (os músicos) também”, afirma o prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak, que vai submeter a proposta ao conselho gestor da Paulista Aberta. O conselho se reúne hoje, na sede da Prefeitura. “A ideia é fechar um consenso dos pontos em que vamos permitir, avisar os músicos que eles têm de se credenciar antes.”

Por decreto, o número de artistas na Paulista é limitado a cinquenta por domingo. “Só que os cinquenta chegam lá às 3 horas e começam a vender pulserinha (como camelôs). O artista mesmo, que vai chegar para tocar às 15 horas, já não tem mais espaço”, diz Odloak.

O conselho gestor da Paulista também tem identificado problemas. Membro eleita do órgão, a advogada Raphaela José Cyrillo Galletti afirma que as apresentações e as outras atividades passaram a brigar por espaço. “A Paulista tem de ter espaço para o artista, para o ciclista, para quem quer sentar na rua. Outro dia, teve uma apresentação de zumba que tomo todo o espaço da ciclovia”, afirma.

Parte dos moradores reclama de barulho e desrespeito aos horários – a Paulista Aberta, oficialmente, funciona até as 18 horas. “O barulho é insuportável, com caixas acústicas de segunda a segunda até tarde da noite. Ninguém aguenta mais”, critica Célia Marcondes, presidente da Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César (Samorcc). “Qualquer um pode chegar, estender uma toalha e pôr o volume na altura que quiser. A Paulista virou terra de ninguém.”

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De acordo com Célia, associações estudam propor à Prefeitura que o programa seja transferido para o Vale do Anhangabaú, no centro. “O ideal é que não tivesse nada na Paulista, mas, se continuar, que pelo menos faça cadastro”, defende. “O mínimo que se espera é que alguém coloque ordem.”

Por volta das 15h30 do último domingo (24), a reportagem viu apresentações em pelo menos 21 locais da Paulista, entre bandas, cantores solo e tendas musicais. Ou seja, uma atração a cada 130 metros, embora a maioria se concentre no trecho entre o Conjunto Nacional, perto da Estação de Metrô Consolação, e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Muitas vezes, ficam literalmente uma ao lado do outra.

Os gêneros musicais iam de heavy metal a sertanejo – uma paisagem tomada por amplificadores, guitarras e baterias. Já quem tem menos estrutura precisava procurar locais afastados para ser ouvido.

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Os espetáculos são organizados livremente e variam a cada domingo. Qualquer parte da Paulista, que é fechada para veículos a partir das 10 horas, pode ser palco. É comum, no entanto, que algumas apresentações passem do horário.

“Toda burocracia é um retrocesso. A Paulista está linda, com a música preenchendo todos os espaços”, afirma Thiago Calle, de 30 anos, organizador do Jazz na Kombi. O veículo ficou estacionado do lado do Conjunto Nacional, mas virado de costas para a avenida. “Foi para não atrapalhar os outros.”

Na prática, porém, artistas que não têm equipamentos de som terminam ficando de fora do “miolo” da Paulista. Sem dinheiro para investir em amplificador ou microfone, Ermelinda Silva, de 51 anos, optou pela região perto do Paraíso. “Quando chegam as bandas, atrapalham meu som”, afirmou. “Já mudei quatro vezes de lugar porque fico sufocada”, comenta. “Hoje, tem muito barulho. O cadastro ia dar uma peneirada boa”, afirma.

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Morador de Osasco, na Grande São Paulo, o advogado Edson Vieira, de 50 anos, visitou a avenida em um domingo pela primeira vez. Ele gostou da experiência, mas fez ressalvas. “Essa organização (de vários músicos pela avenida) atrapalha um pouco, porque quem tiver interesse em um show termina ouvindo o som vazando de outro palco”, diz. “Apesar dessa ‘bagunça’, isso aqui é bem democrático.”

 

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