Desde junho de 2018, Juliana D’Agostini vai pelo menos uma vez por semana a escolas públicas de São Paulo para tocar música clássica a crianças e adolescentes.
Formada pela USP, Juliana é pianista e realizou turnês com seus concertos em países como França e Estados Unidos. Hoje, a mulher de 32 anos se dedica a quebrar a barreira que separa a periferia desse tipo de música, por muitos considerada erudita e elitista.
“Muita gente acha isso porque não tem condições de ir a um teatro ver um concerto. Então decidi ir a até a essas pessoas. Elas querem cultura”, disse. “Quando você vai a uma escola, percebo que em muitas não existe arte. Estímulo à arte. É como se tivesse um buraco”.
Nesta sexta-feira (12), Juliana foi tocar pela primeira vez a crianças de 3 anos de idade. Com a ajuda de uma equipe, ela levou seu piano até a creche Cruz de Malta, no Jabaquara, Zona Sul da capital.
“Vou colocar o piano em uma mesa baixa e sentar no chão. Quero ver elas se aproximarem e tocarem o instrumento junto comigo”, afirmou. “A maioria deles nunca tinham visto um de perto”. Por falta de espaço, Juliana teve de levar um piano elétrico nesta sexta-feira. Normalmente a opção é por um cauda, por “impressionar mais”.
Juliana relatou que sempre se emociona quando percebe o quanto a criança fica encantada quando toca o instrumento. “Eu coloco a mãozinha delas no piano e faço elas perceberem as notas. Elas ficam vendo os martelos se mexendo dentro do piano. Parece que levo eles para outro mundo. É como se elas estivessem em uma cena da Disney”, disse.
Nesses eventos, além de ter contato com o piano, a criançada também aprende sobre os compositores mais conhecidos da música erudita. Juliana criou um jeito didático para ensinar um pouco da história de cada um: por meio de fantoches.
“Queria mexer com o lúdico. Então desenvolvi os personagens. O que mais gostei foi de transformar os compositores em gente”, conta. “A gente tenta passar para os bonecos a mesma personalidade que os compositores tinham em vida”.
A pianista também criou letras para as músicas clássicas como forma de tornar a apresentação mais atraente para o público infantil. “Eu canto. E os fantoches também”, afirma.