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OLÁ,

Pedro Herz: agitador cultural e dono da Livraria Cultura

Sua nova megalivraria do Conjunto Nacional é um sucesso comercial, e o maior ponto de encontro da cidade para os paulistanos que gostam de ler

Por Thales Guaracy
Atualizado em 5 dez 2016, 19h26 - Publicado em 18 set 2009, 20h32

Em 2007, o dono da Livraria Cultura, Pedro Herz, abriu a maior loja do gênero no país, com 4 300 metros quadrados e mais de 2 milhões de títulos, um número que cresce a cada hora. Maior de suas sete lojas, a nova Cultura do Conjunto Nacional se tornou um fenômeno. Por mês, 58 000 pessoas passam pelo seu caixa, o dobro do movimento que havia nas quatro lojas menores mantidas por Herz anteriormente na mesma galeria. Parte desse resultado se deve ao fato de que a loja matriz passou a ter revistas, CDs e vídeos, que por falta de espaço não podia vender anteriormente como as filiais. A maior razão, porém, foi a transformação da loja em um grande ponto de encontro para os paulistanos que gostam de livros e música, valorizado ainda mais pela presença de um café e de um teatro de 166 lugares, inaugurado em novembro com um espetáculo de Jô Soares. Com exceção da peça, todas as outras atividades na Cultura são gratuitas, como o jazz na hora do almoço, palestras e os saraus literários.

“A livraria tornou-se um centro cultural”, orgulha-se Herz. “Agregamos valor, já que quem lê livros gosta também de revistas, ouve música e vai ao teatro.” Aos 66 anos, ele é um homem calmo, de fala tão mansa que não se consegue ouvi-lo numa roda com mais de três interlocutores. Gosta de passar a maior parte do seu tempo livre no apartamento em que mora no centro da cidade, mergulhado em seus livros e CDs de música clássica. Diretor da Sociedade de Cultura Artística, é freqüentador de concertos, embora não manifeste preferência clara por um tipo ou outro de música. “Eu não tenho estilo”, diz ele, rindo. Herz, no entanto, consegue criar um espírito gregário diferente dos arautos normalmente associados à agitação cultural. Sempre presente em sua loja, mesmo em fins de semana, transforma clientes em amigos pela arte da conversa. Nesse aspecto, é um sedutor.

Elegante e discreto, Herz é também, à sua maneira, um rebelde. Além de ganhar dinheiro com um bem supostamente desvalorizado num país pobre em educação, é meio avesso a tendências, como a multiplicação de lojas por franquias e mesmo a presença em shopping centers, embora venha cedendo no segundo caso. O sucesso da nova loja matriz foi tanto que Herz reativou na semana passada uma das antigas lojas do Conjunto Nacional para abrigar, além dos livros de arte e design, um espaço com vinte lugares destinado a cursos e palestras. Dono de lojas próprias em Brasília, Recife e Porto Alegre, ele deve completar sua rede de nove livrarias no ano que vem com uma unidade em Campinas e outra no futuro Shopping Bourbon Pompéia. A Cultura ainda se beneficia, por seu amplo catálogo, das compras pela internet, espaço em que mantém um sistema de “entrega foguete” que atende dez cidades brasileiras. “A internet representa para nós 18% das vendas, o equivalente a ter mais uma loja”, diz Herz. “Vendemos para este mundo e o outro, pois há muitos brasileiros no exterior.” Prova de que o mundo digital e a velha tecnologia do livro não se excluem, mas se completam.

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