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OLÁ,

“Sobrevisíveis”, de Paulo Pasta, segue na contramão

Variações delicadas de cores e uso de formas como cruzes são marcas presentes no conjunto de pinturas, que exigem paciência e concentração

Por Jonas Lopes
Atualizado em 5 dez 2016, 18h14 - Publicado em 18 mar 2011, 17h47

Enquanto o mundo e o mercado de arte caminham a uma velocidade quase irrefreável, Paulo Pasta prefere seguir na contramão. Aos 52 anos, o paulista de Ariranha apresenta a individual “Sobrevisíveis” no Centro Universitário Maria Antônia, a partir de sexta (25), e sugere ao espectador uma atitude diferente em relação a suas criações. “É preciso dar um tempo a elas. Meu trabalho não se apresenta de uma só vez, são necessárias paciência e concentração”, diz. “O modo que encontrei de ser transgressor é induzir o público a vivenciar uma experiência direta e contemplativa com a obra.” Tanto cuidado se revela também na apresentação da mostra. Pasta vai resolver quantos óleos serão exibidos apenas durante a montagem, quando poderá constatar qual configuração permite a melhor posição de luminosidade às telas.

Integrante de uma linhagem pictórica iniciada por artistas dedicados a experimentos cromáticos — caso de Henri Matisse, Mark Rothko, Giorgio Morandi e Alfredo Volpi, a quem chegou a conhecer —, o pintor dá continuidade às variações delicadas de cores e ao uso de formas como cruzes, embora agora mais disfarçadas. Paulo Pasta faz questão de passar algumas horas diárias em seu ateliê na Barra Funda, mesmo sem inspiração. Chega, lê, às vezes dorme. Ouve música clássica no rádio para desligar-se do barulho da rua. Nunca parte de ideias ou projetos concretos, e sim de sensações. “A tela vai me mostrando o caminho”, explica. Trata-se da melhor maneira, afirma, de deixar a criatividade fluir. “Minha produção não nasce da ação, da atividade constante, mas da sedimentação.”

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