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Paulistanos replantam flores que iriam para o lixo nas ruas

Caules de orquídeas são plantados nos troncos de árvores e voltam a florescer

Por Daniel Nunes Gonçalves
Atualizado em 5 dez 2016, 19h31 - Publicado em 18 set 2009, 20h27
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  • Sabe aquela orquídea que enfeita a sala de casa por duas a seis semanas e depois perde a flor? Alguns paulistanos têm descoberto que é possível resgatar os caules jogados no lixo e plantá-los em troncos de árvores. Até um ano depois, eles voltam a florescer. “Salvamos uma flor e deixamos a cidade mais bonita”, diz a arquiteta Adriana Irigoyen, que a cada quinze dias se reúne com outros moradores da Avenida Nove de Julho, no Jardim Europa, para desovar cerca de cinquenta exemplares. “Boa parte nos é dada por floriculturas e empresas, como é o caso da Rubens Flores, especializada em decorações para festas”, conta o advogado Paulo Visani, vizinho de Adriana que ajudou a amarrar mais de 500 orquídeas em oito árvores do canteiro central da avenida no último ano. “Há quem pense que essas plantas morrem quando a flor seca, mas elas sobrevivem tirando o seu sustento de outro caule”, explica o engenheiro agrônomo Mário Bertinatto, que ajuda a carregar, com o assistente Reginaldo Barros, escada, arames e adubo para cada replantio.

    Com cerca de 35 000 espécies no mundo ? 5 800 no Brasil ?, as orquídeas têm uma multidão de admiradores. São esperados 30 000 deles na 80ª edição da Feira de Orquídeas, promovida entre sexta (13) e domingo (15) na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, na Liberdade, pela Associação Orquidófila de São Paulo (informações, 3207-5703 e https://www.aosp.com.br). A maior das sete principais exposições anuais trará 2 000 exemplares de 150 colecionadores, com preços que vão de 40 a 600 reais. “Sempre reaproveitamos as plantas sem flor em árvores de prédios e sítios particulares, mas agora essa moda foi também para as ruas”, diz a geógrafa Lúcia Morimoto, relações-públicas da entidade.

    “A cada dez dias reaproveito umas quinze orquídeas do meu restaurante”, afirma o restaurateur Carlos Whately, do Bistrô Charlô. “Realoquei mais de 200 em frente ao meu prédio e ao restaurante.” Moradora da mesma rua do Charlô, no Jardim Paulista, a paisagista Kika Samara, responsável pelos jardins do Club Athletico Paulistano, se inspirou com a ideia. “Depois que passamos a estimular as doações de associados, há quase um ano, já replantamos mais de 400 unidades”, revela. “Dois noivos trouxeram uma orquídea de seu casamento e fizeram questão que mostrássemos onde ela foi colocada. A árvore virou, além da nova moradia de uma bela flor, um símbolo de amor.”

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