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Na quarentena, paulistanos começam a buscar casas maiores para viver

Procura por casas na cidade cresceu um pouco, 6%, após a decretação do isolamento, apontam dados do portal ZAP

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 18h19 - Publicado em 15 Maio 2020, 06h00
 (Bruno Niz/Veja SP)
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Moradora de um apartamento de 76 metros quadrados na Vila Mariana, a vendedora Magda Petter Oliva, 46, teve um insight ao olhar para os lados. “Vou me mudar para uma casa com quintal”, pensou. Com mais tempo longe da rua nesses tempos de quarentena, ela achou que a mudança de ares faria bem para ela, a filha, o cão e o gato que dividem o espaço atual. A busca por uma casa de cerca de 120 metros quadrados, no mesmo bairro, a um custo de 5 000 reais por mês, começou na semana passada. “Está complicado agendar visitas, por causa das restrições, mas tenho visto bastante coisa na internet.”

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Vila Mariana de cima: cliques por imóveis no bairro subiram de 4% em abril de 2019 para 57% em 2020 (Ranimiro Lotufo Neto/Getty Images)

A mudança na vida de Magda reflete um comportamento que começa a despontar entre os paulistanos como tendência: se passaremos mais tempo em nosso lar, os espaços internos precisarão ser mais confortáveis e adaptados a essa nova situação. Dados do portal ZAP apontam que a busca por casas na cidade cresceu 6% após a decretação da quarentena, em março. Em outro site, o Imovelweb, os cliques em casas na Vila Mariana passaram de 4%, em abril de 2019, para 57% do total procurado no mês passado. De cada dez casas desejadas pelos possíveis clientes paulistanos, seis possuem três quartos ou mais. Na Lello, a busca por casas subiu 41% entre janeiro e abril. “Além de espaços mais generosos, as casas evitam o contato com elevadores e áreas comuns presentes em condomínios”, afirma Danilo Igliori, economista-chefe do Grupo ZAP e professor de economia da USP.

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(Fonte: Grupo Zap/Veja SP)

A busca pela nova moradia não reflete necessariamente o desejo imediato de fechar negócio. Dados do Secovi, o sindicato das construtoras e incorporadoras, apontam que abril registrou uma queda de 65% no volume de vendas de imóveis novos, na comparação com o previsto antes da pandemia para o mês. Nenhum novo empreendimento foi lançado, o que deverá se repetir em maio. “Era de se imaginar que, quando falassem para a pessoa não sair de casa, ela teria muita dificuldade em tomar a decisão mais importante da vida, que é a compra do imóvel”, afirma o empresário Antonio Setin, dono da construtora que leva seu sobrenome. Pouco antes da decretação da quarentena, a Setin recebeu aval da prefeitura para erguer um empreendimento com 300 apartamentos na Praça da República. O menor deles, com 16 metros quadrados, custará em torno de 192 000 reais. Ali, as estacas, por ora, não começaram a bater. “Quando as pessoas voltarem a sair, a atividade retomará seu curso. Se tudo acontecer como nos países mais adiantados, as pessoas perdem dois ou três meses da vida, e depois começam a consumir. Ninguém vai parar de comer, morar, telefonar”, prevê Setin.

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Croqui de empreendimento com 300 unidades na República: “As pessoas vão continuar consumindo” (Divulgação/Veja SP)

Enquanto esse dia não chega, quem começou a erguer suas edificações precisa de duas coisas: terminar o que iniciou e vender as unidades faltantes. Para recuperar o terreno perdido para a quarentena, as empresas investem em atendimento on-line. “Tínhamos balcões para duzentos corretores nos stands, mas agora o pessoal trabalha de casa”, afirma Emilio Kallas, presidente da construtora Kallas. “A cultura do brasileiro ainda não é comprar remotamente, mas esse dia vai chegar. Nossos vídeos têm visual em 360 graus dos apartamentos. Nossos clientes, antes da pandemia, já estavam habituados a isso e muitos chegavam ao stand já sabendo mais que o próprio corretor”.

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Independentemente do que virá com o “novo normal”, termo usado para definir o comportamento pós-coronavírus, alguns conceitos farão parte dos próximos empreendimentos. “A casa agora passa a ser o local do trabalho, pois o home office vai perdurar. Esse era o empurrão de que precisávamos”, afirma José Paim, presidente da construtora Maxcap. “O setor residencial sairá fortalecido. Todo mundo vai buscar um imóvel maior para atender a sua necessidade de funcionalidade e conforto.”

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 20 de maio de 2020, edição nº 2687

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