As primas Carola Matarazzo e Rosalu Queiroz cresceram realizando trabalhos voluntários. Ora arrecadavam roupas para a comunidade carente, ora participavam de bingos beneficentes. Quando atingiram a vida adulta, foi natural a vontade de contribuir para um projeto maior, no caso a Liga Solidária, uma organização da sociedade civil (OSC), sem fins lucrativos, quase centenária. Na direção há seis anos, as duas deram uma cara nova à entidade ao lançar um projeto de inclusão por meio do esporte, que até conquistou medalhas de ouro em campeonatos regionais.
Criada em 2015, a iniciativa atende 308 crianças e adolescentes de 5 a 16 anos, nas modalidades vôlei, futebol, futsal, ginástica rítmica e handebol. Localizado no distrito de Raposo Tavares, na Zona Oeste, o local é cercado por favelas, de onde vem a maioria dos jovens do programa. Para ser contemplado, é necessário estar matriculado na escola, ter boas notas, carteira de vacinação em dia e manter participação contínua no projeto.
Antes das atividades, grupos divididos por faixa etária se reúnem em rodas de conversa que partem da pergunta “Como foi seu dia?”. O objetivo é promover valores como convivência e solidariedade.
Dez meninas de 6 a 12 anos se destacaram na ginástica rítmica. Orientadas por educadores sociais, elas começaram um treinamento mais profissional, de segunda a quinta, durante três horas. Após cinco meses, o grupo participou do Campeonato da Federação Paulista de Ginástica e levou quatro medalhas de ouro nas categorias pré-mirim, infantil e baby. “Foi uma felicidade imensa fazer parte dessa conquista com elas”, diz Carola.
Com um custo médio de 81 000 reais mensais, o projeto mantém-se com doações de empresas nacionais e estrangeiras e apoio de leis de incentivos
fiscais como as do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (Fumcad) e do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condeca). Para este ano, a Liga Solidária pretende oferecer aulas de skate e aumentar para 600 o número de crianças atendidas. “O esporte é uma ferramenta lúdica de transformação”, diz Rosalu.