Com 190 000 frequentadores a cada fim de semana, o Parque do Ibirapuera é o centro de lazer mais famoso da capital. Confira as 60 histórias que estão longe dos olhos do público no dia a dia e os casos mais inusitados que marcaram a trajetória do lugar:
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A PRIMEIRA ESCADA ROLANTE DE SÃO PAULO
Instalada em 1954, no Palácio das Indústrias (hoje Pavilhão da Bienal), durante cerimônia em comemoração da Revolução de 1932, a geringonça era algo inédito na capital. Causou agitação entre os convidados do evento. Uma reportagem da época, no jornal Folha da Manhã, detalhou a grandeza da novidade: “Tem capacidade para transportar 5 000 pessoas por hora e trabalha numa velocidade de 27 metros por minuto. (…) A escada tem marcha reversível, isto é, pode funcionar tanto para subir como para descer”. A máquina continua no local, e há sessenta anos sua manutenção é feita pela mesma empresa.
CAMPEÃO NA INTERNET
Em 2013, o Ibirapuera foi um dos 25 locais no mundo todo onde as pessoas mais fizeram check-in no Facebook — em território brasileiro, é campeão imbatível. Na lista internacional, estão endereços como Puerto Madero, em Buenos Aires, e a Disneylândia, na Califórnia.
FOLHA CORRIDA
Quer saber qual é a espécie da planta de sua casa? No Herbário Municipal, perto do portão 7A, há um serviço gratuito de identificação dos vegetais. O ponto ainda abriga uma espécie de “museu” botânico, com cerca de 15 000 amostras da região metropolitana.
MORTES NÃO SÃO INCOMUM NO PARQUE
Só em 2013, foram três. Uma por afogamento, uma por parada cardíaca e outra registrada como “causa desconhecida”.
CADÊ O RESTO?
Quando o Ibira foi fundado, em 1954, sua área total era de 1 800 000 metros quadrados. Aos poucos, políticos cederam parte do terreno a órgãos como a Assembleia Legislativa. Agora são “apenas” 1 584 000 metros quadrados.
TERRA DOS ÍNDIOS
Até o início do século passado, a região do Ibirapuera (“árvore apodrecida”, em tupi) era um povoado indígena. Por volta da década de 30, as terras pertenciam a grileiros e abrigavam uma espécie de favelinha, enquanto alguns trechos também serviam de pasto para bois.
CASSINO E TEATRO
O primeiro projeto para a construção do complexo levava a assinatura do arquiteto e paisagista alemão Reynaldo Dierberger. A proposta previa como parte das instalações um teatro aberto, uma hípica e um cassino, que seriam construídos em estilo art déco, o mesmo da Biblioteca Mário de Andrade.
UM PRESIDENTE CONTRA O OBELISCO
O plano de construir o Obelisco, monumento dedicado a homenagear os heróis da Revolução de 1932, só começou a sair do papel após a morte do presidente Getúlio Vargas, em 1954. Para quem não se lembra: o movimento confrontava diretamente seu governo.
3 MOMENTOS DA FESTA DE ABERTURA, EM 1954
– Aviões lançaram convites sobre a capital convocando a população
– Carros foram vetados em vias como a Avenida Brasil para evitar trânsito exagerado
– Foi montado um parque de diversões com roda gigante e outros brinquedos
TRAÇO DIFÍCIL
Ninguém conseguia montar a escultura de concreto no formato do símbolo do quarto centenário, criada por Oscar Niemeyer para o dia da inauguração. A versão alternativa, de gesso e juta, derreteu após seis meses.
IMAGINA NA COPA
Ainda sobre a inauguração: preparado para ser aberto no aniversário de 400 anos da cidade, em 25 de janeiro, só ficou pronto sete meses depois. E sem todos os pavilhões: uma greve de decoradores impediu que tudo ficasse 100%.
CRACHÁ DAS ANTIGAS
Cicero dos Santos Pereira é o funcionário mais antigo, com 38 anos no lugar. Atualmente é assistente administrativo, mas trabalhou como jardineiro, plantador de árvores e limpador do lago. Nem tudo, porém, é bucólico: certa vez, encontrou um homem enforcado em uma árvore na Praça da Paz. Seu ponto favorito é o bambuzal, que ele batizou de “túnel do tempo”. “Aqui é minha segunda casa.”
CORRA QUE A GCM VEM AÍ
Às segundas, quartas e sextas, entre 8 e 11 horas, dez membros da Guarda Civil Metropolitana fazem caminhadas e corridas com os usuários do lugar. Ponto de encontro: a Praça do Porquinho.
CONHECE ESSE DOCINHO?
O Dadinho foi criado em 1954 em homenagem aos 400 anos da cidade, quando aconteceu a inauguração do parque, sob uma chuva de papel prateado (por isso a embalagem laminada). O símbolo do quarto centenário está no desenho dentro do círculo azul.
MUDANÇA DE PLANOS POR BEM
Originalmente, a rampa interna do Auditório do Ibirapuera seria no centro do salão de entrada. Oscar Niemeyer mudou de ideia quando recebeu o projeto da escultura vermelha, em forma de pincelada, de Tomie Ohtake. Transferiu o acesso para o lado esquerdo, a fim de destacar a obra.
…E POR MAL
O arquiteto, aliás, faltou à inauguração do auditório, em 2005. Não se conformou com o veto do órgão de patrimônio municipal à demolição de parte da marquise (que ele projetou), com o objetivo de valorizar o novo prédio.
CHALANA URBANA
A bordo de um barco, todos os dias os faxineiros Pedro Baroni e Paulo Santana fazem manualmente a limpeza dos lagos. Com a ajuda de um rastelo, eles retiram das águas detritos como garrafas plásticas, sacos de salgadinhos e folhas. Por dia, são cerca de 100 quilos de lixo. Quando chove, a quantidade sobe para até 300 quilos.
SHOPPING A CÉU ABERTO
Uma rua 24 horas com lojas, bancas de frutas e restaurantes fez parte de um projeto da Fundação Roberto Marinho em 1994. A ideia acabou sendo esquecida.
EXISTE POMAR EM SÃO PAULO
Nas proximidades do portão 7A há um pomar “típico” da São Paulo do fim dos anos 1800. Tem jabuticabeira, pitangueira, araçá, cabeludinha e cambucá, que eram muito comuns antigamente, mas hoje nem tanto.
O MAIOR
Instalado no prédio do antigo Detran em 2012, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) tem tido o maior público do pedaço. Foram cerca de 182 000 visitantes nos primeiros sete meses deste ano, superando 170 000 da Oca, 130 000 do auditório, 119 000 do MAM e 108 000 do Museu Afro Brasil.
A DINASTIA DO COCO
Faz 36 anos que a família da ambulante Joelma Brasil (na foto, à esq.) fixou seu ponto no parque. Seus pais, Jonas e Quitéria (no centro), começaram a trabalhar no pedaço em 1978 comercializando sorvetes. Aos 9 anos, Joelma ajudava nas vendas. No local, ela conheceu o marido, João Viegas, e, juntos, montaram o próprio carrinho, sempre estacionado perto da Praça do Porquinho. O empreendimento está na terceira geração: dois dos três filhos do casal, Gisele (à dir.) e Gustavo, também atuam no negócio familiar, que soma agora três pontos na área, em que vendem água de coco e outras bebidas. “Gosto daqui. O verde limpa aminha mente”, diz Joelma.
ENCONTROS PERIGOSOS 1
Em 1997, Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, conheceu ali sua primeira vítima, a patinadora Pituxa. Ela foi atacada no Parque do Estado, mas sobreviveu.
ENCONTROS PERIGOSOS 2
Dois anos depois, Daniel Cravinhos puxou papo com Suzane von Richthofen, que estava no Modelódromo, acompanhando o irmão. Era o início do romance que culminou no assassinato dos pais dela, em 2002.
CENTRO DO PODER
A sede da prefeitura de São Paulo ficou no parque por mais de três décadas, até 1992. O prédio é onde hoje está o Museu Afro Brasil.
BURACO NEGRO
Uma única peça quebrada do projetor é o que impede o Planetário de voltar a funcionar desde março de 2013. Produzida por um só fabricante na Alemanha, deve ser reparada até o fim do ano.
RAÍZES ESTRANGEIRAS
Árvores de diversas partes do mundo enfeitam o parque: eucalipto, da Austrália, figueira-de-bengala, da Índia, e falsa-seringueira, da Malásia.
E UMA BOA NOTÍCIA
Após doze anos fechado ao público, o Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 1932, sob o Obelisco do Ibirapuera, deve ser reaberto em setembro. As obras contra infiltrações e outros problemas consumiram 10,3 milhões de reais.