Fenômeno internacional, a Orquestra Sinfônica Simón Bolívar, que tem à frente o incensado maestro Gustavo Dudamel, foi elogiada e conduzida por alguns dos principais regentes da atualidade, a exemplo do italiano Claudio Abbado. O grupo, que nasceu do programa educativo venezuelano El Sistema, também já participou de festivais conceituados de música erudita, como o de Salzburgo, na Áustria.
Inspirado no modelo do país vizinho, o governo de São Paulo está investindo no ambicioso Sistema Paulista de Música, anunciado no ano passado e com dotação prometida para 2012 de 180 milhões de reais. Um dos principais eixos da ação envolve a reestruturação da Orquestra Jovem do Estado. O conjunto, fundado em 1979, é gerido pela Escola de Música do Estado de São Paulo — Tom Jobim (Emesp). “Queremos que o grupo seja responsável por aperfeiçoar talentos para que atuem em formações profissionais, inclusive a Osesp”, afirma Andrea Matarazzo, secretário estadual da Cultura.
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A Estadualzinha, como é apelidada, terá um orçamento de 2,4 milhões de reais neste ano, quase seis vezes maior do que o de 2011. Enquanto o número de instrumentistas aumentou de sessenta para noventa, o valor da ajuda de custo mensal paga aos bolsistas passou de 430 para 1.000 reais. A temporada será marcada pela presença de convidados internacionais importantes. Um deles, o maestro inglês Frank Shipway comanda um concerto na segunda (12), na Sala São Paulo. Serão executadas sinfonias de Schubert e Dvorák, além de uma passagem de uma ópera de Wagner. Estão previstas ainda a participação de solistas como a pianista portuguesa Maria João Pires e o violinista russo Boris Belkin. Em agosto, haverá uma turnê pela Alemanha.
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Outra novidade é a chegada do maestro Cláudio Cruz, spalla (primeiro violino) da Osesp, como novo diretor musical e regente titular da Orquestra Jovem do Estado. Conhecido pelo temperamento sossegado, Cruz ressalta a importância da paciência no trato com os jovens. “Tento estabelecer um contraponto entre tolerância e autoridade”, explica. “Ao lidar com adolescentes, você precisa explicar cada aspecto técnico.” Desde que Cruz iniciou seu trabalho, em vez de praticar três vezes por semana, totalizando dez horas de ensaios, os instrumentistas se concentram por duas semanas, no total de sessenta horas, sempre antes das apresentações.
Mudou também o limite de idade para permanência no grupo, de 30 para 26 anos. “Queremos investir em gente que tenha maturidade para se expor às críticas e, dessa forma, se preparar para o alto nível de exigência das orquestras profissionais”, afirma Paulo Zuben, diretor artístico-pedagógico da Emesp.