VEJA SÃO PAULO – Como o senhor avalia a repercussão do texto de sua autoria lido nas missas paulistanas no domingo (16)?
Odilo Scherer â Atingi dois objetivos. Primeiro, lançar um alerta para o uso indevido da religião em função da política, para os novos currais eleitorais e para o voto de cabresto de influência religiosa, muito em voga nas campanhas. Essa exploração política da religião não é boa para a sociedade. O segundo objetivo foi tomar posição sobre a ofensa e a agressão sofridas pela Igreja Católica por um chefe nacional de partido e chefe de campanha eleitoral em São Paulo (o bispo Marcos Pereira, coordenador da campanha de Russomanno).
VEJA SÃO PAULO – Uma eventual vitória de Russomanno pode significar um embate entre católicos e evangélicos?
Odilo Scherer â Não posso imaginar que algum chefe de governo municipal, seja ele quem for, governe contra esta ou aquela religião.
VEJA SÃO PAULO – Por que a resposta da Arquidiocese ao bispo Marcos Pereira só ocorreu um ano após a publicação do texto?
Odilo Scherer â Não podemos nos calar só porque é época de campanha. A reação seria a mesma a qualquer tempo, mas sempre imediata, uma vez que se tivesse tomado conhecimento da matéria. Não foi a Arquidiocese de São Paulo que trouxe o assunto à campanha eleitoral. Nós apenas reagimos a um fato público.
VEJA SÃO PAULO – O aumento do número de evangélicos preocupa a Igreja Católica?
Odilo Scherer â Minha preocupação é defender e respaldar os fiéis da minha igreja, ainda mais quando a credibilidade e a confiança na instituição à qual pertencem são postas em jogo.
VEJA SÃO PAULO – O senhor já tem candidato?
Odilo Scherer â Neste ano não votarei, pois tenho viagem marcada.