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Teste da receptividade a obesos

Não faltam cadeiras desconfortáveis, lojas com roupas feitas só para magros e discriminação no trabalho

Por Daniel Bergamasco
Atualizado em 14 Maio 2024, 11h14 - Publicado em 25 nov 2011, 19h10
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  • Com 90 quilos distribuídos em 1,65 metro de altura, a executiva Márcia Ornellas já passou por constrangimentos em shoppings. Uma vez, ao observar vitrines, foi recebida com uma frase à queima-roupa da vendedora: “Nossos modelos só vão até o 44”. Lojas de roupas estão entre os ambientes temidos por grande parte dos obesos, assim como várias situações da vida social. Para avaliar como são tratados e atendidos, VEJA SÃO PAULO convidou a executiva Márcia, o designer Roberto Labate, também acima do peso, e um casal dentro das medidas para um teste ao redor da metrópole. As duas duplas percorreram mais de vinte endereços na capital para checar possíveis diferenças no atendimento.

    DUPLA 1

    Elena Mesa Marquez

    Profissão: compradora técnica de uma empresa multinacional do ramo automotivo

    Idade: 29 anos

    Altura: 1,75 metro

    Peso: 63 quilos

    Manequim: 38

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    Marcelo Alves Germano

    Profissão: gerente financeiro da SP Escola de Teatro

    Idade: 27 anos

    Altura: 1,75 metro

    Peso: 71 quilos

    Manequim: 40

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    DUPLA 2

    Márcia Ornellas

    Profissão: executiva de uma multinacional farmacêutica e modelo plus size

    Idade: 39 anos

    Altura: 1,65 metro

    Peso: 90 quilos

    Manequim: 48

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    Roberto Labate

    Profissão: designer e empresário. Já fotografou para o catálogo de lojas GG, como Kauê

    Idade: 31 anos

    Altura: 1,80 metro

    Peso: 112 quilos

    Manequim: 50

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    PRIMEIRA PARADA: LOJAS DE ROUPAS

    Duplas só entraram em locais que não teriam peças da numeração de Márcia e Roberto

    RUA OSCAR FREIRE E ARREDORES

    Carmin, Track and Field, Tufi Duek e Planet Girls — Os funcionários foram simpáticos e trataram os quatro com atenção semelhante

    Avaliação: atendimento bom

    Carlos Miele — A dupla GG chegou primeiro. A vendedora foi formal, explicou que a numeração é limitada e logo deixou Márcia de lado para atender Elena, que ouviu a funcionária tomar um sermão de sua superiora: “Quando for assim, não perca tempo. Avise qual é a numeração e atenda o outro casal”. À reportagem, a empresa disse que “lamenta o ocorrido” e que agirá para que ele não se repita

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    Avaliação: atendimento ruim

    SHOPPING FREI CANECA

    Hering — Os atendentes exageraram ao insistir em elogiar o caimento de roupas apertadas para Márcia e Roberto

    Avaliação: atendimento razoável

    Simulassão — A vendedora mostrou as maiores peças, mas não forçou a barra quando viu que não serviam

    Avaliação: atendimento bom

    Calvin Klein — Após ver que não havia nada para Roberto, o vendedor o trocou por Marcelo. Com Márcia, foi pior: a vendedora sumiu. “Deve estar esperando eu ir embora”, disse a executiva. A grife declarou que as próximas coleções terão numeração até 50

    Avaliação: atendimento ruim

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    SEGUNDA PARADA: BALADAS DA MODA

    Glamourosas, caras e conhecidas pelas hostesses implacáveis com quem está malvestido, as casas noturnas Disco, Mynt e B4 (essa última considerada “pré-balada”), todas na Zona Oeste, receberam os dois pares da mesma maneira. Os funcionários foram simpáticos, apresentaram os preços da noite e convidaram todos para conhecer o interior da casa

    Avaliação: atendimento bom

     

    TERCEIRA PARADA: ACADEMIAS DE GINÁSTICA

    Para esse item do teste, Márcia e Roberto foram juntos a três academias: a Bio Ritmo da Avenida Paulista, a Runner de Moema e a Body Company, na Vila Mariana. Em todas elas, houve um tour para conhecer as dependências e uma apresentação de diversos pacotes. Obesos eram exceção entre os frequentadores, mas os atendentes insistiram em dizer que recebem gente de diversos perfis e que seus programas de emagrecimento são eficientes

    Avaliação: atendimento bom

     

    QUARTA PARADA: SELEÇÃO DE EMPREGO

    Elena e Márcia visitaram algumas das lojas do Shopping Villa-Lobos com vagas fixas e temporárias para vendedoras

    Colcci — Foi o maior contraste entre os locais visitados. Márcia odiou: “confirmaram que tinha vaga, mas ninguém sorriu e uma moça me olhou dos pés à cabeça com hostilidade”, disse. Elena adorou: “Quando pedi informações, um vendedor interveio e chamou o gerente, que disse que eu era o perfil procurado”.

    Avaliação: atendimento ruim

    Animale, TNG, Forum, M. Officer e Le Lis Blanc — Funcionários atenciosos esclareceram para as duas os trâmites da seleção para a equipe de vendas

    Avaliação: atendimento bom

    Osklen — para Márcia, disseram que o recebimento de currículos para vendas havia se encerrado e sugeriram a vaga de estoquista. Já Elena foi atendida pelo gerente, que afirmou que poderia tentar encaixá-la direto nas entrevistas

    Avaliação: atendimento ruim

     

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