Está tudo ali. O rei foi assassinado, Ofélia enlouquece e se suicida, o pai e o irmão dela são mortos e Hamlet consegue se vingar do tio. Mas não há motivo para pais ou acompanhantes adultos se preocuparem. O mérito da ótima “O Príncipe da Dinamarca“, em cartaz no Teatro Alfa, é justamente não omitir nada de Hamlet — o texto original escrito por Shakespeare entre 1599 e 1601 — e, ao mesmo tempo, divertir a criançada. Trata-se da terceira, e melhor, investida do autor, ator e diretor Angelo Brandini, dos Doutores da Alegria, no universo do dramaturgo inglês depois de “Rei Lear” (transformada em “O Bobo do Rei”) e “Otelo” (“Othelito”).
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No palco, a companhia Vagalum Tum Tum envolve a plateia de imediato. A garotada fica em alerta ao deparar com o cenário de um cemitério cheio de folhas secas criado por Brandini e Bira Nogueira. O suspense se quebra assim que os coveiros Ser (Val Pires) e Não Ser (Tereza Gontijo) encontram um grupo de caveirinhas. Animadas, elas resolvem encenar a história de quando eram vivas. Hamlet (Anderson Spada) recebe a visita do fantasma do pai, que lhe conta a verdade sobre sua morte e exige vingança. Cláudio (Davi Taiu), o tio do príncipe, matou o rei da Dinamarca para ocupar o trono. A fim de desmascará-lo, o protagonista finge estar louco e bola um plano. Mas Cláudio descobre tudo e tenta virar o jogo. Christiane Galvan, a Ofélia, e Erickson Almeida, seu irmão Laertes, completam o afiado elenco, que ainda canta, toca instrumentos e dança em cena. Impossível não rir com tanta tragédia.
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