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OLÁ,

Número de carros blindados na capital pode bater novo recorde em 2022

A sensação de insegurança é o principal combustível que mantém turbinado o setor

Por Clayton Freitas
Atualizado em 27 Maio 2024, 21h47 - Publicado em 15 jul 2022, 06h00
Marcelo Silva, presidente da Associação Brasileira de Blindagem de Veículos
Marcelo Silva, da associação: medida apenas dá condições de fuga (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Após sofrer uma tentativa de assalto na Marginal Pinheiros, o diretor de marketing Bruno Castilho, 47, decidiu trocar de carro. Vendeu um SUV de quase 300 000 reais e comprou um veículo menor, desta vez blindado. “Fugi, um dos tiros atingiu o parabrisa e ficou alojado no painel. A sensação ainda é de insegurança, mas com o blindado pelo menos eu não preciso sair feito louco numa eventual fuga”, afirmou.

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A sensação de insegurança citada por Castilho é o principal combustível que mantém turbinado o mercado de carros blindados. Dados da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin) mostram que 20 024 veículos foram blindados no país em 2021, cifra que representa um crescimento de 45% em comparação com 2020. A tendência é de novo recorde em 2022. Segundo o Detran, só neste ano proprietários de 6 632 veículos no estado de São Paulo, 72% deles da capital — 4 773 —, fizeram a troca da carroceria, uma média de 27 veículos por dia.

“A cada cinco notícias a que você assiste na TV, três são sobre violência. Infelizmente o mercado de blindado está bom”, diz Marcelo Silva, presidente da Abrablin. Entre os motivos do “infelizmente” está o fato de que a blindagem nada mais significa do que oferecer condições de fuga numa situação de risco.

O preço médio para blindar um veículo fica em torno de 70 000 reais, mesmo valor de um Renault Kwid zero-quilômetro. Além do preço para poucos, a discrição é uma marca do negócio. “Muitas vezes nem sabemos quem são os clientes finais, já que lidamos com representantes das empresas”, explica Fábio Cortezi, diretor comercial da Inbra Blindados.

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Dono de quatro veículos blindados, o empresário Ricardo Braz, também vice-presidente da Federação Nacional das Locadoras de Veículos, diz não se sentir 100% tranquilo nem quando está ao volante de um deles. “Não saio com um bom relógio nem celular”, conta.

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que o roubo de veículos caiu 31,8% na capital e que, entre as medidas para combater a sensação de insegurança, está dobrar o número de policiais na ruas.

Índice de preços* da blindagem

SEDAN – 64 520,00 – Corolla | Virtus | Civic

SUV MED – 70 910,00 – Compass | T-Cross | Corolla Cross

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SUV GDE – 77 860,00 – XC90 | Q7 | X7

PICK-UP – 66 200,00 – S10 | Amarok | Hilux CD

*Em reais. Fonte: Flavio Gerdulo, do Portal de Blindados

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Aço é coisa do passado

Apesar de ainda ser usado em alguns pontos específicos na blindagem do veículo, o aço cedeu lugar há muito tempo aos novos materiais, tais como as fibras de aramida, que são cinco vezes mais resistentes. Além disso, para os vidros são usados polímeros especiais.

Fibras de aramida: mais levese resistentes que o aço
Fibras de aramida: mais leves e resistentes que o aço (Alexandre Battibugli/Veja SP)

O emprego desses materiais trouxe mais leveza aos veículos, que antes chegavam a pesar até 400 quilos a mais devido à blindagem. Agora, variam de 140 quilos a 200 quilos. “É como se o motorista carregasse duas pessoas sempre”, explica Marcelo Silva, da Abrablin.

Policarbonato: vidros sãoquatro vezes mais espessos
Policarbonato: vidros são quatro vezes mais espessos (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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O que vai determinar o custo e o peso será o nível de proteção, sobretudo dos vidros, que podem chegar a ter 21 milímetros de espessura, bem mais grossos que os de um carro comum, com 4 milímetros. Entre os níveis permitidos de blindagem de veículos para uso civil, o mais usado é o III-A, que resiste a tiros de .44 Magnum, avaliada como uma arma de grosso calibre.

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Publicado em VEJA São Paulo de 20 de julho de 2022, edição nº 2798

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