Desde outubro de 2017, a febre amarela causou a morte de 63 macacos na cidade, a maioria na região da Zona Norte, dizimando todas as dezessete famílias de bugios existentes no Horto Florestal.
“Uma das nossas preocupações é o que vai sobrar desses animais”, lamenta a bióloga Juliana Summa, diretora da Divisão de Fauna Silvestre da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. “Os macacos são dispersores de sementes, são nossos plantadores de árvore, estamos perdendo animais com uma função ambiental super importante”. Não há no Brasil vacinas contra o vírus para animais.
Vale ressaltar que esses bichos são tão vítimas da doença quanto os seres humanos e não a propagam. A febre amarela está sendo transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, que vivem em áreas de mata. “Estimamos que na Serra da Cantareira existam em torno de 3000 bugios que eram facilmente vistos por nós e agora está difícil encontrá-los”, conta Juliana que já analisou 202 carcaças de primatas, algumas ainda aguardando o diagnóstico, ou não, de febre amarela pelo Instituto Adolfo Lutz. “São tantos animais que a equipe de necropsia bate o olho e já sabe quando pode dar positivo, pois vemos por dentro os órgãos e percebemos quando ele está equitérico, ou seja, amarelado”.
Foi o surgimento do primeiro macaco morto no Horto Florestal que possibilitou a descoberta da circulação do vírus no parque. Isso fez com que 26 unidades públicas começassem a ser fechadas desde o final do ano passado. Na quarta-feira (10), o Horto Florestal, o Parque da Cantareira, ambos na Zona Norte, e o Parque Ecológico do Tietê, na Zona Leste, foram reabertos para a população. Para adentrá-los é necessário já ter sido imunizado até dez dias antes da visita.
A febre amarela já provocou a morte de dezesseis pessoas desde o início de 2017, quatro delas na Grande São Paulo. Até o final de 2018 a Secretaria da Saúde planeja ter vacinado todo o estado.