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Restauração do Museu do Ipiranga custará 111 milhões de reais

Valor é cinco vezes mais caro que o previsto inicialmente; governo estadual recorre à iniciativa privada para tentar resolver o problema

Por Rosana Zakabi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 out 2017, 06h00 - Publicado em 27 out 2017, 06h00
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  • Um dos mais importantes patrimônios culturais do país, o Museu do Ipiranga foi fechado em agosto de 2013 porque estava caindo aos pedaços. Quatro anos depois, ele continua na mesma situação. Como se não bastasse, o trabalho de recuperação será ainda mais caro do que se imaginava. O Museu Paulista, da USP, responsável pela administração do local, finalmente chegou ao valor total do restauro: 111 milhões de reais.

    A quantia é cinco vezes a estimada inicialmente, de 21 milhões de reais. “O orçamento demandou estudos bem específicos, a exemplo de um levantamento feito pela Superintendência do Espaço Físico da USP com base em processos de restauração em outros edifícios históricos”, justifica Solange Ferraz de Lima, diretora do Museu Paulista. “Daí a demora para finalizar a conta.”

    Como a instituição não tem verba suficiente para bancar sozinha o trabalho, a solução foi pedir ajuda à iniciativa privada. No mês passado, o governo paulista lançou o programa Aliança Solidária, que tem o objetivo de angariar fundos junto a empresários.

    A ação é encabeçada por Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza.  “O Ipiranga é um patrimônio de todo o povo, especialmente das crianças, que precisam conhecer nossa história”, afirma ela. “Já realizamos um café da manhã com possíveis doadores, mas o processo de captação de recursos é longo.” A ideia é amealhar os 111 milhões de reais nos próximos cinco anos.

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    A biblioteca: montada em novo imóvel (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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    Também foi lançado em setembro um concurso para definir a empresa que vai elaborar o projeto de engenharia do local. As propostas serão apresentadas em novembro e o resultado deverá ser publicado no Diário Oficial até janeiro. Apesar de a restauração não ter começado e de não haver dinheiro em caixa, a data de reinauguração permanece a mesma divulgada quatro anos atrás: 2022, ano do bicentenário da Independência. “Se tivermos os recursos financeiros, conseguiremos cumprir o prazo”, garante Solange.

    Nos últimos meses ocorreram vários trabalhos preparativos para tirar o que há de mais valioso no local antes do início das obras mais pesadas. De abril a junho, cerca de 300 000 livros e documentos foram transferidos a dois imóveis vizinhos, alugados pelo Museu Paulista. “Eles não retornarão ao local”, conta Solange. “Quando reabrir, a instituição estará exclusivamente voltada à exposição.”

    Mais três casas devem receber as 100 000 peças do acervo — coroas, roupas e objetos, entre outras coisas — a partir de 2018. “Foram anos até encontrar um lugar para levar esse material precioso e estudar a melhor maneira de transportá-lo sem danificar nada”, explica Solange.

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    Esses objetos retornarão ao Ipiranga. Cinco deles, no entanto, não puderam ser retirados. É o caso do quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, que está chumbado na parede, e da maquete de São Paulo em 1841, sob o risco de quebrar.

    Na última semana, a empresa de engenharia Falcão Bauer concluiu o primeiro laudo estrutural realizado no edifício. O documento ainda passará por duas revisões e vai ser divulgado até o início de novembro. Nele, serão apontados os ambientes comprometidos devido ao excesso de peso, como o espaço que sediava a biblioteca, no térreo.

    “É um absurdo o estado de deterioração ter chegado a esse ponto”, critica Valdir Abdallah, presidente da Comissão Cívica e Cultural do Parque da Independência. A entidade reúne moradores e comerciantes da região. “Agora, resta torcermos para que o local seja realmente recuperado”, completa.

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    Matemática de restauro

    Quanto será preciso gastar para recuperar o patrimônio (valor em milhões de reais)

    8 Projeto de engenharia e arquitetura + 80 Montante necessário para a execução das obras + 23 Custo para transporte e recolocação das peças do acervo = 111

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