O Ministério Público Federal (MPF) instaurou nesta segunda-feira (9) um inquérito para investigar se a conduta da rede Jovem Pan colaborou, por meio de notícias falsas, para incitar atos antidemocráticos, como os que ocorreram no domingo (8) em Brasília.
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Segundo nota, o órgão fez um levantamento do conteúdo divulgado pela emissora nos últimos meses e detectou que ela tem “veiculado sistematicamente fake news e discursos que atentam contra a ordem institucional”.
O MPF avalia que na própria cobertura dos atos de ontem comentaristas do canal “minimizaram o teor de ruptura institucional dos atos e tentaram justificar as motivações dos criminosos que invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes”.
Um exemplo dado foi o comentário de Alexandre Garcia, que fez, de acordo com o órgão, uma leitura distorcida da Constituição para atribuir legitimidade às ações de destruição, em um contexto considerado por ele como inação das instituições.
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O inquérito afirma que essa conduta ganhou fôlego em meados de 2022, com “ataques infundados ao funcionamento das urnas eletrônicas e à atuação de membros do Judiciário” e até suspeições sobre o desfecho da eleição presidencial.
Outro exemplo dado foi a fala de Paulo Figueiredo em 22 de dezembro, que resumiu o cenário político a duas alternativas: a aceitação de “uma eleição sem transparência, sem legitimidade, sem confiança da população” ou a deflagração de uma guerra civil.
O MPF enviou ofício determinando que a Jovem Pan forneça, em até 15 dias, informações detalhadas sobre sua programação e os dados pessoais dos apresentadores e comentaristas dos programas Jovem Pan News, Morning Show, Os Pingos nos Is, Alexandre Garcia e Jovem Pan – 3 em 1. A empresa também deve se abster de alterar conteúdos veiculados no YouTube.
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A investigação avaliará se a Jovem Pan violou direitos fundamentais da população e abusou da liberdade de radiodifusão.
A Vejinha entrou em contato com a Jovem Pan e atualizará este texto com o posicionamento da emissora.