Representantes do Movimento Passe Livre (MPL) realizaram uma coletiva de imprensa na manhã desta segunda (17) para prestar esclarecimentos sobre os protestos contra o aumento da tarifa do transporte público — ações que tomam as ruas da cidade desde a semana retrasada. O encontro precede a reunião que deve ocorrer entre o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, e os manifestantes, também hoje pela manhã, em que o grupo deve levantar a questão da violência nos confrontos com a Polícia Militar.
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“Gostaríamos de esclarecer que os atos do MPL não são ações essencialmente de rua. Nestas últimas manifestações também foram incorporadas outras entidades e a populacão em geral, criando-se uma revolta popular”, explica Caio Martins, militante. Segundo ele, o movimento não pretende revelar o trajeto do protesto marcado para hoje, às 17h, na região do Largo da Batata, em Pinheiros. “Só podemos decidir isso na hora, dependendo do numero de pessoas.”
Para os representantes do MPL, os atos de vandalismo são uma consequência da agressão policial. “O movimento é pacífico e nós não estimulamos nem realizamos nenhum ato considerado vandalismo”, justifica Rafael Siqueira. “Para os feridos, estamos coletando informações e, inclusive, fazendo boletins de ocorrência”.
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“A polícia prendeu 23 manifestantes por formação de quadrilha e o nosso departamento jurídico vai trabalhar por essas pessoas. Isso constitui um ato grave, principalmente pela repressão aos movimentos sociais”, completa Monique Felix, também do MPL.
Antes de iniciar as manifestações, o grupo afirma ter solicitado reuniões com o poder público. Mas, segundo eles, a prefeitura não respondeu e o governo do estado se negou a dialogar. “O governador e o prefeito têm o poder de acabar com essa violência toda baixando a tarifa. Vamos nos reunir com a Secretaria de Segurança Pública para negociar isso, para que acabe a violência da polícia”, diz Caio Martins.
O movimento espera grande adesão na manifestação desta segunda (17) porque há o apoio de outros setores, como metalúrgicos, professores e metroviários. “O Movimento dos Sem Teto tambem emitiu uma nota dizendo que se a tarifa não baixar, a periferia vai parar”, avisa Martins.
“O sistema de transporte de São Paulo está claramente esgotado. A populacao está dizendo ‘chega’ e nós não aceitamos mais essa maneira de organizar o transporte”, conclui Rafael Siqueira. O MPL surgiu em 2005 e defende tarifa zero nos meios de transporte público.