Não foram poucos os crimes envolvendo figuras paulistanas ou acontecidos aqui que sacudiram o noticiário policial nas últimas décadas. Nos anos 60, o pesadelo atendia pelo nome de Chico Picadinho, alcunha de Francisco Costa Rocha, assassino e esquartejador de duas mulheres. A década seguinte foi marcada pelo Bandido da Luz Vermelha, que cortava a energia da casa de suas vítimas e irrompia no escuro com uma lanterna cor de sangue. Ele matou quatro pessoas e foi responsabilizado por mais de 100 roubos. Na virada do século XX, a metrópole estremeceu quando espectadores de uma sala de cinema do MorumbiShopping foram surpreendidos pelos disparos do ex-estudante de medicina Mateus da Costa Meira. Em 2002, outro episódio chocante ganhou os holofotes: o da jovem e bela estudante Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos de prisão por ter participado do assassinato de seus pais.
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Nessa coleção de ocorrências horripilantes — entre tantas e tantas outras —, uma foi quase impensável. Para três dos nove especialistas consultados pela reportagem (dois juristas, três advogados criminalistas, um promotor, um psiquiatra forense, um jornalista e um cientista político especializado em violência), o assassinato de Isabella Nardoni é o mais chocante da história da cidade. As razões que os levaram a tal opinião variam. “Nunca um crime repercutiu tanto. Daí sua relevância”, afirma o advogado criminalista Roberto Podval, defensor dos réus Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Desde o início das investigações, o casal foi o principal suspeito de ter golpeado, asfixiado e, em seguida, atirado a menina pela janela do 6º andar do prédio onde eles moravam, na Zona Norte. “Chama atenção pela violência sem motivo”, diz o criminalista Antônio Mariz de Oliveira. “Hoje qualquer frustração é respondida com brutalidade.” Para o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, o que mais impressionou foi a idade de Isabella, apenas 5 anos. Curiosamente, Francisco Cembranelli, promotor responsável pela condenação do casal — ele a 31 anos de prisão e ela a 26, em regime fechado —, considera o caso Lindomar Castilho o mais relevante da cena paulistana.
VOTARAM
• Alberto Zacharias Toron, advogado criminalista
• Antônio Mariz de Oliveira, advogado criminalista
• Fausto Macedo, repórter do jornal “O Estado de S. Paulo”
• Francisco Cembranelli, promotor
• Guido Palomba, psiquiatra forense
• Ives Gandra Martins, jurista
• Miguel Reale Júnior, jurista
• Paulo Sérgio Pinheiro, cientista político
• Roberto Podval, advogado criminalista