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Morre mulher trans que foi deixada sedada em clínica durante incêndio

Já inconsciente, Lorena iria colocar próteses de silicone quando local pegou fogo; segundo familiares, ela foi abandonada e inalou fumaça por sete minutos

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h41 - Publicado em 22 fev 2021, 15h21
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  • Lorena Muniz, uma mulher trans de 25 anos, morreu no domingo (21) no Hospital das Clínicas de São Paulo. Ela estava internada em estado grave desde quarta-feira (17) e teve morte cerebral confirmada pelos médicos. 

    Lorena passaria por cirurgia para a colocação de próteses mamárias em uma clínica na Liberdade, centro de São Paulo. Ela já estava sedada para o procedimento quando começou um incêndio, ocasionado por um curto-circuito no ar condicionado do local. Todos os pacientes e funcionários saíram do imóvel a tempo, mas Lorena foi deixada para trás.

    A jovem foi resgatada pelos bombeiros e levada para o pronto-socorro do Hospital das Clínicas. Washington Barbosa, marido de Lorena, disse em postagens nas redes sociais que sua esposa inalou fumaça por sete minutos antes de ser socorrida, o que afetou sua oxigenação cerebral. 

    “Sou casado há quase seis anos com uma mulher trans, que tinha o sonho de colocar silicone. Ela foi a São Paulo realizar a cirurgia com um médico bem famoso entre mulheres trans. Houve um curto-circuito na clínica na última quarta-feira (17), quando ela foi fazer a cirurgia. O ar condicionado pegou fogo, todos saíram correndo, ela ficou lá, sedada, inalando fumaça. Chegou a ficar sete minutos inconsciente, e isso gerou prejuízo na circulação do oxigênio no cérebro dela, e agora ela não está reagindo”, disse Washington.

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    Washington chegou a São Paulo no sábado (20) vindo do Recife. Ele teve ajuda financeira da deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) e da vereadora Erika Hilton (PSOL).

    “A morte cruel de uma travesti não é um espetáculo. É uma dor que dói em todes nós que por um triz não fomos vítimas da mesma tragédia”, lamenta Erika, a 1ª vereadora trans e negra da cidade de São Paulo em um de seus posts nas redes sociais sobre o caso. Ela também disse que irá “até o fim pela responsabilização dos culpados”.

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    No domingo, após a confirmação da morte, a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) emitiu uma nota de luto pela morte de Lorena. No texto, a associação afirma que “este não é um caso isolado”, que Lorena é “mais uma vítima da opressão de gênero, da pressão estética cissexista e do descaso do estado nos cuidados da saúde específica da população trans”. 

    Investigação

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    Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a equipe de uma agência de energia elétrica realizava uma manutenção na rua quando ocorreu uma explosão dentro da clínica, dando início ao incêndio. O caso é investigado como incêndio com lesão corporal culposa. A SSP diz que foi solicitada perícia no estabelecimento e também exame de corpo de delito.

    Outro lado

    O advogado da clínica Paulino Plástica Segura informou que Lorena não ficou desassistida durante o incêndio, como acusa a família da paciente.

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    “Havia dois auxiliares de enfermagem que tentaram retirar a paciente, mas na esquina vinha vindo uma viatura e ela já interviu para que eles não entrassem lá e aguardassem o Corpo de Bombeiros”, disse o advogado Daniel Santana Bassani.

    “Nós tentamos de tudo para retirar a paciente, mas os policiais militares, de forma coerente, não permitiram que fosse retirada por pessoas que não tinham capacidade para isso. Os bombeiros entraram e retiraram [Lorena]”.

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